Em agosto de 2009 subimos a serra gaúcha novamente, em direção à Cambará do Sul, mas desta vez o destino era São José dos Ausentes, e depois, cruzar para Santa Catarina sentido Urubici. Por fim, retornar à Porto Alegre descendo à Serra do Rio do Rastro. Foram experiências incríveis entre cachoeiras, rios, cânions, estradas de chão muito difíceis e muito frio.
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Muitas pedras no caminho até São José dos Ausentes
Era dia 25 de agosto de 2009. Nossa viagem começou em Porto Alegre com destino à São José dos Ausentes via Cambará do Sul. O trajeto foi o mesmo feito para chegar a São Francisco de Paula, pela rodovia RS 020, como fizemos em 2001, também como fizemos em 2002 quando visitamos o cânion Fortaleza em Cambará do Sul.
Em 2009 os recursos disponíveis na internet, como o próprio Maps do Google, eram bastante limitados. Sabíamos que existia uma estrada que ligava Cambará do Sul e São José dos Ausentes, e era o caminho mais curto, mas para a nossa surpresa, quando chegamos em Cambará e seguimos em frente, a mesma era de chão batido com pedregulhos.
Lembro que ficamos apavorados! Era muito ruim! A sensação é de que o carro ia se desmanchar! E para vencer os poucos quilômetros (em torno de 50 km), parecia que levaria uma eternidade, pois era difícil passar de segunda marcha. Hoje em dia parece que o trecho foi asfaltado. Tomara!
Foi sofrido, demorado, mas chegamos à BR 285 com muito alívio. Lembro que já era meio da tarde quando ingressamos na pequena São José dos Ausentes. Fomos até o centrinho. Acho que compramos alguma coisa para comer e beber e então seguimos para a nossa pousada. Mais um trecho de estrada de chão. E não era perto não em se tratando de estrada de chão! Mais 38 km!
O caminho até a pousada
Encaramos mais um trecho de chão batido da região dos Campos de Cima da Serra para chegar até a pousada, 38 km, quase tanto quanto de Cambará do Sul até São José dos Ausentes. A impressão é de que não chegaríamos nunca.
Não sei porque não temos imagens do trecho entre Cambará do Sul e São José dos Ausentes, nem do centro de São José dos Ausentes. Não sei se foi perdido ou se realmente não registramos. A partir da estrada em direção a pousada os registros existem, inclusive em vídeo, que em breve serão editados e publicados em nosso canal no YouTube.
Apesar de cansativo, o cenário ficava cada vez mais bonito. Visão aberta. Uma época do ano onde tudo parece muito seco. Época de queimadas, que gerava polêmica entre os locais devido a proibição, mas conforme eles, era o único jeito de tratar o terreno pedregoso.
O trajeto ia nos revelando muitas surpresas, como rios, morros, araucárias, muitas rochas, paisagens que formavam cenários incríveis aos nossos olhos. E no caminho resolvemos fazer uma parada e visitar um ponto indicado na estrada.
Cachoeirão dos Rodrigues
Seguimos a indicação das placas e fomos visitar o Cachoeirão dos Rodrigues. Desviamos um pouco do caminho da pousada mas resolvemos não perder a oportunidade.
Fica numa propriedade particular. Verificando hoje, a indicação é de que fica na propriedade da Pousada dos Rodrigues e que é cobrada uma taxa de R$ 10,00 para fazer a visita. Em outra publicação vi a informação que a entrada só é permitida com guia. Não nos cobraram nada na época e nem havia qualquer controle no acesso. Estacionamos e seguimos por nossa conta a indicação de uma pequena trilha até a cachoeira.
Foi uma bela experiência que rendeu lindas imagens que você pode conferir abaixo.
Chegada à Pousada
Depois de um pouco mais de 40 km levando em conta que visitamos o Cachoeirão dos Rodrigues, chegamos ao acesso à Pousada Fazenda Monte Negro, onde tínhamos reserva para uma noite apenas. Já começava a anoitecer. Foi um dia bastante intenso. Apesar de caminhos cansativos o sentimento era de muita felicidade até aquele momento. E o frio também já marcava presença.
Aproveito para fazer um comentário a respeito do nosso carro. Como é possível verificar nas fotos, estávamos com um Fiat Idea. A sensação nas estradas de chão é de que ele não iria aguentar. Fiquei muito preocupado durante o trajeto, mas ele se mostrou valente. Encarou todos os desafios e obstáculos sem apresentar qualquer problema. Mesmo depois, quando retornamos para casa, nada foi verificado, como por exemplo possíveis vazamentos, ou algo solto devido a quantidade de pedras.
A noite ainda nos reservava uma grata surpresa
Já começava a cair a noite quando ingressamos pelo pórtico de acesso. A Pousada Fazenda Monte Negro fica no caminho para o Pico e Cânion Monte Negro. A Pousada é bastante simples. Na casa principal existem quartos disponíveis, mas nossa reserva era para uma cabana.
A cabana era simples, mas bem confortável. Tinha lareira, uma boa cama e uma banheira de hidromassagem enorme! Pensamos em tomar um bom banho relaxante, mas não foi possível. O frio já era muito presente e não teve jeito da água aquecer o suficiente para um banho confortável. Curtimos então a lareira, mas isso depois do jantar que foi um momento à parte.
Fomos informados que um jantar seria servido logo ao cair da noite. Foi algo muito marcante. Um salão com decoração típica de fazenda, muita madeira, muitas pedras, com a comida servida em panelas de ferro sobre um grande fogão à lenha. Comida maravilhosa! Um atendimento igual! O dono da pousada estava presente. Um senhor muito simpático fazendo as honras da casa. Lembro que o papo foi bom demais, assim como a cachacinha que ele serviu aos hóspedes. Foi inesquecível! Uma delicia de jantar. Pena que mais uma vez não fizemos registros em foto desse momento.
Visita ao ponto mais alto do Rio Grande do Sul
Nascia o dia 26 de agosto de 2009. Nossa programação pela manhã era visitar o ponto mais alto do Rio Grande do Sul, o Pico e Cânion Monte Negro, que fica há 3 km da Pousada Fazenda Monte Negro.
Para chegar ao cânion se vai de carro até certo ponto limite e depois se segue a pé por uma trilha muito tranquila, de apenas 200 metros, bem aberta, apenas um pouco íngreme. Rapidamente o caminho vai ficando cada vez mais aberto e na época em que fomos estava muito seco.
Pouca caminhada depois já estávamos na beira do cânion, sozinhos, como donos, e pelo tempo que ficamos ali fomos as pessoas mais altas do estado (risos). Nos chamou a atenção que não tinha qualquer controle de acesso ou qualquer tipo de proteção na beira do cânion, como uma corda ou algum limitador. Chegava a dar medo de caminhar na beira do precipício e de pensar que se acontecesse um acidente não teria ninguém a quem pedir ajuda.
Foi sensacional! Um lugar incrível! De uma magnitude sem explicação. Tipo de cenário de fazer calar, de faltarem as palavras. Caminhamos por toda a extensão do cânion sempre avistando o Pico Monte Negro, o ponto mais alto do Estado do Rio Grande do Sul.
Casa das Sete Mulheres
Uma curiosidade sobre o lugar é que serviu de cenário para cenas da minissérie “Casa das Sete Mulheres” da Rede Globo, que foi ao ar no primeiro semestre de 2003. No refeitório da Pousada Fazenda Monte Negro existem muitas fotos dos atores que estiveram por lá.
Almoço na Pousada
Voltamos do passeio no final da manhã e fomos direto almoçar no galpão da pousada, o “Galpão da Tradição”, onde estava preparado um buffet de comidas campeiras, típicas de fazenda e do sul, ao estilo do jantar servido na noite anterior, em panelas de ferro sobre fogões a lenha. Nessa oportunidade fiz registros conforme abaixo.
Hora de deixar São José dos Ausentes
Após o almoço nos arrumamos para seguir nosso caminho, partir em direção a Santa Catarina, mais precisamente Urubici, onde também visitamos a Serra do Rio do Rastro, mas esse relato fica para a próxima postagem para essa aqui não ficar longa demais. Não perca a sequência dessa aventura, pois ainda enfrentamos muita estrada de chão, mas que nos renderam mais cenários incríveis.