Começava o segundo dia da Cruce de Lagos. Depois de pernoitar em Peulla, seguimos de ônibus em direção a Cordilheira dos Andes para cruzar a fronteira. A Aduana fica em Puerto Frías, onde se embarca em novo catamarã para navegar até Puerto Alegre. De ônibus se vai até Puerto Blest, onde em catamarã, navegando pelo Lago Nahuel Huapi, se chega a Bariloche, Argentina.
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Série sobre a Cruce de Lagos entre o Chile e Argentina
Essa publicação faz parte de uma série em que conto sobre nossa primeira viagem internacional, quando contratamos um pacote para fazer a Cruce de Lagos entre Chile e Argentina.
Nosso roteiro começou por Santiago, onde também visitamos a vinícola Concha Y Toro, e as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar. Depois voamos até Puerto Montt com a Cordilheira dos Andes o tempo todo ao nosso lado.
Na chegada não perdemos tempo e já visitamos o Vulcão Osorno. No segundo dia saímos para conhecer a região, começando por uma caminhada em Puerto Varas e depois passeio por Llanquihue. Na sequência seguimos para conhecer e almoçar na cidade musical de Frutillar, para então terminar o dia conhecendo um pouco de Puerto Montt.
No terceiro dia na Região dos Lagos da Patagônia Chilena, visitamos a Ilha de Chiloé, quando navegamos de lancha até as Pinguineras.
Cruce de Lagos
No dia seguinte começava a tão aguardada Cruce de Lagos. Primeiro visitamos o Parque Nacional Vicente Pérez Rosales, onde conhecemos os Saltos Del Rio Petrohué, antes de começar efetivamente a travessia dos lagos.
O primeiro lago a ser percorrido é o Lago Todos los Santos, de Petrohué até Peulla. Na publicação anterior conto como foi nossa passagem por Peulla, onde almoçamos, passeamos na parte da tarde, jantamos, jogamos bingo e pernoitamos antes de seguir viagem.
Nessa publicação conto como foi o desfecho da travessia, com a saída de Peulla ainda em território chileno, e chegada em Bariloche já na Argentina.
Partindo de Peulla
Como conto no final da publicação anterior, a movimentação na manhã seguinte começou cedo. Ainda tínhamos muito o que percorrer até chegar em Bariloche. Mesmo assim ainda deu tempo de registar algumas fotos de uma cachoeira próxima aos hotéis, a cachoeira Velo de la Novia.
E assim partimos de Peulla, primeira parada na Cruce de Lagos, ainda no Chile, para o segundo dia de travessia. Era dia 16 de setembro de 2006. De ônibus seguimos em direção a Cordilheira dos Andes, por onde se cruza a fronteira entre Chile e Argentina.
Subindo a Cordilheira dos Andes rumo a fronteira
Aos poucos fomos nos aproximando da Cordilheira e nos embrenhando na floresta. O guia vai o tempo todo fazendo comentários e observações sobre o que vemos pelo caminho. Quanto mais subimos e nos embrenhamos, mais vai aparecendo gelo na floresta e ao lado da estrada.
Quando já estamos com bastante gelo a nossa volta, o guia comenta que nessa época do ano, ou seja, em setembro, é tranquilo atravessar por ali. No inverno não é possível circular por aquelas estradas, pois fica completamente tapada de neve, isolando as poucas casas que aparecem no trajeto.
Paso Internacional Perez Rosales, fronteira entre Chile e Argentina
Depois de uma bela subida e muito gelo a nossa volta, de repente paramos na estrada. Estamos na fronteira! Chegamos ao Paso Internacional Perez Rosales, dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi, fronteira entre Chile e Argentina. O ônibus para e todos descem para fazer registros do momento. Estamos embaixo de um portal de acesso. É um momento bastante marcante.
Descemos e tentamos aproveitar ao máximo o momento. É muita neve acumulada. Uma beleza incomum para nós. Está frio! Nos damos conta que estamos no meio da Cordilheira dos Andes! Realmente um momento único.
Seguindo até Puerto Frías, já em território argentino
Depois de fazer os registros fotográficos da fronteira, seguimos viagem. O caminho agora já é em território argentino. Nosso destino é a base de Puerto Frías, onde fica a Aduana para o registro de entrada no país.
Chegamos ao posto da polícia aduaneira. Hora de juntar a bagagem e ir para a fila. Nada complicado. Fizemos o registro de entrada na Argentina. Tudo resolvido era hora de aguardar o próximo transporte, um novo catamarã, para agora navegar pelo Lago Frías até Puerto Alegre.
Travessia do Lago Frías até Puerto Alegre
Aguardamos o catamarã para iniciar a travessia de outro lago, o Lago Frías. Nosso destino agora é Puerto Alegre, base localizada no outro extremo do lago, mais ou menos a 4 km de distância.
Todos a bordo e a navegação começa. É beleza para todos os lados em que se olha. Água cor esmeralda. Montanhas nevadas vistas bem de perto. Vegetação nas encostas que parecem mergulhar no lago. Gaivotas nos acompanhando. Cenários incríveis, de encher os olhos. Realmente é um roteiro turístico sensacional.
As águas do Lago Frías têm origem glacial. Fica aos pés da Cordilheira, dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi, na província de Rio Negro, no departamento de Bariloche. O lago tem um formato oval alongado no sentido norte-sul, tendo Puerto Frías no extremo Sul e Puerto Alegre no extremo Norte.
Novo trecho de ônibus até Puerto Blest
Chegamos em Puerto Alegre, e pra nós o nome era curioso já que morávamos em Porto Alegre em 2006. Ao desembarcar, topamos com o nome do lugar bem grande no trapiche.
Era hora de aguardar um novo ônibus que nos levaria por mais ou menos 3 km até Puerto Blest. Todos se reuniram na beira do Lago Frías para aguardar e contemplar o cenário a nossa volta. Deu tempo até de dividir uma garrafa de vinho com colegas de viagem, um Gato Negro, Cabernet Sauvignon, que caiu bem com o friozinho que estava fazendo.
A estrada até Puerto Blest ainda nos reservava bastante gelo acumulado, e também árvores com troncos enormes, largos, mas que não eram as famosas sequoias existentes na região (pelo menos é o que acho).
Em Puerto Blest foi possível descansar um pouco. Há uma estrutura pequena com restaurante, banheiros, que pudemos usar enquanto aguardávamos o próximo catamarã.
Aguardando em Puerto Blest para seguir até Bariloche, Argentina
Ficamos algum tempo em Puerto Blest até o barco atracar, mas a espera não foi ruim. O lugar é lindíssimo! Curtimos o momento e registramos muitas fotos.
Puerto Blest já fica as margens do Lago Nahuel Huapi, lago da última travessia até Bariloche. É o lago que banha Bariloche. Uma das principais atrações da região. Também de origem glacial, é um lago enorme! São 550 km² de área, em uma altitude de mais de 700 metros acima do nível do mar.
Momento do último embarque já deixando saudade
Chegava a hora do último embarque. Mais um catamarã, o que nos levaria ao porto e ao ponto final, em Bariloche, Argentina. Estava um dia lindo! Uma luminosidade incrível refletida pelas águas do Lago Nahuel Huapi. Um embarque cercado da certeza de que valeu muito a pena. Um passeio mágico que nunca vamos esquecer.
Em algumas travessias é possível fazer ainda uma parada em Puerto Pañuelo antes de Bariloche. No nosso caso não fizemos essa parada. Saímos de Puerto Blest com destino Bariloche. É um trecho mais longo, parecido com a travessia do primeiro lago do início da Cruce de Lagos.
Durante a navegação, mais cenários estonteantes. O barco era grande. Estava lotado. Ficamos a maior parte do tempo do lado de fora, mesmo com o vento forte.
Em certo momento o pessoal foi convidado a oferecer bolachas para as gaivotas. É incrível como elas vem e pegam as bolachas das mãos das pessoas. Quis fazer o mesmo e deu certo. Consegui um belo registro em foto como podem conferir abaixo.
Chegada em Bariloche, Argentina, com desembarque inesperado
Mais uma navegação em cenário de filme, com muito sol, montanhas nevadas, águas por hora azuis ou esverdeadas. Foi incrível e como já disse, inesquecível!
Chegamos em Bariloche, Argentina. Fim da Cruce de Lagos. Já era final de tarde. Muita gente no barco. Na saída tínhamos que encontrar os ônibus que nos levariam aos hotéis.
Tínhamos também que recuperar nossas bagagens, que para a nossa surpresa, foram entregues no meio do estacionamento, largadas no chão de brita e areia. Algo que nunca passaria por nossas cabeças! Um verdadeiro absurdo e esculhambação. Até então tudo tinha sido muito organizado. Ficava a dúvida sobre a diferença do tratamento chileno para o argentino.
Apesar da bagunça da chegada, recuperamos nossa bagagem sem avarias ou outros problemas, e fomos levados para o hotel reservado pela agência que nos vendeu o pacote turístico.
Fim da Cruce de Lagos, mas não da viagem
A Cruce de Lagos terminou! Foi sensacional! Mas nossa viagem não acabou. Ficamos dois dias em Bariloche, onde além de caminhar pela cidade, fizemos o Circuito Chico, subindo em dois cerros famosos.
Continuarei contando essa história. Bariloche, na Argentina, também é um sonho de lugar onde com certeza voltaremos em breve.
Arquivo D-G-v no Canal do YouTube
No nosso canal no YouTube estamos publicando vídeos de arquivo na série Arquivo Dé-Gus-tando a viagem. Os primeiros vídeos da série são registros da nossa viagem ao Chile em 2006.
Já está no ar um vídeo com imagens dos dias da Cruce de Lagos. Você pode assistir abaixo.
Não perca as próximas publicações.
Obrigado por ler até aqui.
Grande abraço.