Terceiro dia na Região dos Lagos, na Patagônia Chilena, e o roteiro nos reservava conhecer uma ilha. Depois de um segundo dia agitado, com visitas as cidades de Llanquihue, Frutillar, Puerto Montt, e ainda jantar em restaurante de Puerto Varas, na programação para o dia seguinte tínhamos visitar a Ilha de Chiloé, Chile.
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Série sobre a Cruce de Lagos entre o Chile e Argentina
Essa publicação faz parte de uma série em que conto sobre nossa primeira viagem internacional, quando contratamos um pacote para fazer a Cruce de Lagos entre Chile e Argentina.
Nosso roteiro começou por Santiago, onde também visitamos a vinícola Concha Y Toro, e as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar. Depois voamos até Puerto Montt com a Cordilheira dos Andes o tempo todo ao nosso lado.
Na chegada não perdemos tempo e já visitamos o Vulcão Osorno. No segundo dia saímos para conhecer a região, começando por uma caminhada em Puerto Varas e depois passeio por Llanquihue. Na sequência seguimos para conhecer e almoçar na cidade musical de Frutillar, para então terminar o dia conhecendo um pouco de Puerto Montt, assunto da publicação anterior.
Nessa publicação eu conto como foi nosso terceiro dia na Região dos Lagos da Patagônia Chilena, quando visitamos a Ilha de Chiloé, Chile.
Surpresa já na saída
Era dia 14 de setembro de 2006. Tínhamos na nossa programação visitar a Ilha de Chiloé nesse dia. Já compramos o pacote com essa visita incluída, diferente da visita ao Vulcão Osorno que compramos assim que desembarcamos em Puerto Montt.
O início do passeio nos reservava uma surpresa!
Até então todos os passeios eram em vans, sempre com um grupo de pessoas que também tinham comprado a Cruce de Lagos, e estavam fazendo praticamente a mesma programação. Então nem nos passava pela cabeça que a visita a Ilha de Chiloé não seria assim.
Como todos os dias, acordamos com tempo tranquilo para poder tomar café e aguardar a excursão. Prontos, aguardávamos no saguão do hotel, quando fomos chamados. Para a nossa surpresa não era uma van, e sim uma camionete. E éramos apenas nós no passeio!
Como assim!? Que surpresa! E que estranho! Iríamos fazer um passeio particular! Serviço exclusivo! Que chique! (risos). Num primeiro momento ficamos um pouco tímidos, mas aos poucos percebemos que seria muito interessante e diferente. Então era hora de aproveitar.
Viagem puxada para um dia só
Pensando sobre isso hoje, acho que até consigo entender porque estávamos sós no passeio. Visitar a Ilha de Chiloé em um dia apenas partindo de Puerto Varas é bastante puxado, diria mais, quase impossível.
Como podem ver no mapa abaixo, são pelo menos 3h de viagem só para chegar até a Pinguineira na Baía de Puñihuil, ponto mais distante em que chegamos na ilha, sendo que é preciso atravessar um canal utilizando serviço de ferry-boat. Ou seja, partindo de Puerto Varas são pelo menos 6h para ir e voltar.
Talvez muitos dos que estavam fazendo a viagem tenham decidido ter um dia livre ou então contrataram outros passeios menos desgastantes. No nosso caso, na época, não tínhamos muita noção das distâncias. Talvez hoje fizéssemos diferente.
Travessia de ferry com direito a leões marinhos
Partimos então para o nosso dia de serviço exclusivo. De Puerto Varas seguimos sentido sul, pela Panamericana Sur, na Ruta 5, passando por Puerto Montt.
Mais ou menos 1h depois chegamos ao fim da estrada na parte do continente. Para chegar a Ilha de Chiloé, é preciso atravessar de ferry-boat o Canal de Chacao. Pelo o que apurei, os ferrys funcionam durante todo o dia em pequenos intervalos. A passagem pode ser comprada na hora do embarque.
Foi bem legal! Algo novo pra nós. Acho que foi a primeira travessia desse tipo. Na verdade, acho que foi a única até hoje. Estava frio e muito ventoso. A viagem que foi feita com a companhia Cruz Del Sur levou em torno de 45 minutos.
Durante o trajeto ficamos livres para circular pelo ferry. Em certo momento fomos agraciados ao avistar leões marinhos, o que foi muito especial. Fizemos o registro em vídeo, que será publicado em nosso Canal no YouTube como ARQUIVO D-G-v.
Sobre a Ilha de Chilóe, Chile
A Província de Chiloé é composta pela Ilha Grande de Chiloé e uma série de outras pequenas ilhas, tendo como capital a cidade de Castro. Nós não chegamos a ir até Castro, que fica bem no meio da ilha principal e tem até aeroporto hoje em dia.
Em Castro estão as casas coloridas de palafitas, marca registrada da arquitetura chilota, erguidas sobre o mar, que avança e recua em algumas horas, fazendo com que a paisagem mude de um grande lamaçal para um lago.
Para a minha surpresa, a Ilha de Chiloé é considerada hoje um novo destino turístico. São muitas as informações sobre uma variedade enorme de passeios e pontos de interesse, tanto na natureza como históricos, com recomendação de pelo menos cinco dias para se conhecer bem.
Ancud, segunda maior cidade do arquipélago
Ao ingressarmos na ilha seguimos direto para o Mercado Municipal da cidade de Ancud, que foi fundada em 1768 e tem aproximadamente 40 mil habitantes. Ancud é a segunda maior cidade do arquipélago depois de Castro, assim como foi a capital até 1982.
Diferente das outras cidades que vistamos nos dias anteriores, em que a colonização foi principalmente alemã, a Ilha de Chiloé foi povoado principalmente por espanhóis, o que está muito claro no aspecto da cidade, seja em suas construções como na organização também.
Em Ancud estão várias das igrejas símbolos da Ilha. São mais de 70 em toda a Ilha, sendo que 16 são consideradas Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Assim como muitas das casas típicas, são de madeira, feitas de tejuelas de alerce, placas de madeira encaixadas. feitas a partir do que os carpinteiros aprenderam na construção de barcos, representando a chamada escola de arquitetura Chilota.
Não chegamos a visitar igrejas. Não estava na programação, até por falta de tempo.
Mercado Municipal de Ancud, Ilha de Chiloé, Chile
Nossa primeira parada foi o Mercado Municipal de Ancud. É um Mercado simples, mas muito bonito! Todo em madeira, abriga uma parte tradicional com verduras, legumes, frutas, frutos do mar, também lojinhas de roupas e variedades, e muito artesanato.
O nosso guia nos falou das batatas, agricultura típica da ilha. São quase 300 variedades presentes em quase todos os pratos da região, como o curanto, talvez o mais famoso, que é um ensopado de carne, batata e frutos do mar, preparado em um buraco no chão com pedras quentes, e também o milcao, um prato de batata ralada e carne de porco.
Tempo curto, mas nada a lamentar
Realmente quando se contrata um passeio como o nosso, fica difícil tirar o máximo de proveito dos lugares. Como já comentei antes, um pacote turístico costuma ser muito intenso, com muitos atrativos em pouco tempo, então sempre fica um gostinho de quero mais, de que não foi suficiente. É assim mesmo! É uma outra opção de viagem com nada a se lamentar.
Nosso desejo é retornar à Região dos Lagos do Chile, desta vez por conta própria, revisitar todas as cidades e também a Ilha de Chiloé, com calma e tempo para conhecer mais, o que será devidamente registrado e compartilhado aqui no site, e também em nosso Canal no YouTube e nos outros perfis sociais.
Muitas vassouras amarelas pelo caminho, mesmo na Ilha de Chiloé, Chile
Continuando com a programação do dia, era hora de seguir para a Bahia de Puñihuil, onde são feitos os passeios para avistar pinguins, as famosas pinguineiras.
O caminho até a baía é bem bonito, sempre com a companhia das florezinhas amarelas, a vassoura amarela, que tomaram conta do Chile e Argentina. Contei um pouco sobre a origem delas na publicação anterior, sobre o dia anterior, em que visitamos Puerto Montt.
Antes de chegar a Baía de Puñihuil paramos para curtir o visual e fazer fotos em um ponto mais alto da estrada, tipo um mirante. Fizemos belos registros.
Baía de Puñihuil, Ilha de Chiloé, Chile
Pelo o que lembro o passeio de barco em si não estava incluso no pacote. Foi uma opção nossa fazê-lo e pagamos diretamente aos pescadores na beira da praia.
O nome Chiloé deriva de “Chille-Hué”, o que significa “lugar das gaivotas”. A Ilha é muito frequentada por observadores de pássaros e as aves são uma das principais atrações turísticas, entre elas os pinguins.
Na Baía de Puñihuil, mais precisamente em pequenas ilhas que ficam perto da praia, podem ser avistados os pinguins de Magalhães, vindos da Patagônia, e os pinguins de Humboldt, que chegam do Peru e do norte do Chile. Eles são bastante parecidos e até difíceis de distinguir, e convivem juntos nessa região.
Pinguineiras Puñihuil, Ilha de Chiloé, Chile
Os pinguins costumam chegar no início de setembro e ficam até março, período em que acasalam e têm os filhotes. Tivemos sorte de ver alguns, pois era início de setembro e eles ainda estavam chegando.
O passeio é feito a bordo de lanchas e dura aproximadamente 30 minutos. O percurso é sair da praia e contornar as ilhotas onde eles costumam ficar e fazer seus ninhos. Além dos pinguins são avistadas muitas outras espécies de aves, e se tiver sorte, outros animais, como lontras. Avistamos uma que passou nadando ao lado da nossa lancha.
Passeio em ótima companhia
É um passeio bem rústico. A saída é um pouco tensa, pois temos que aguardar o aviso deles para o momento certo do embarque. Com o aviso corremos até o barco. Depois disso é momento de furar as ondas que quebram na praia para então seguirmos para o contorno as ilhotas. Chacoalha um pouco, pois o passeio é próximo da praia e das ilhotas, onde a água é mais agitada, mas é tranquilo e divertido.
Fizemos o passeio em companhia do Luis e da Leilaine, casal de Erechim/RS, muito simpático, que conhecemos durante a viagem. Eles não estavam no mesmo grupo que costumava fazer os passeios conosco, mas estávamos sempre nos encontrando por onde andávamos. Acabamos fazendo amizade durante os dias em que estivemos na parte chilena da Cruce de Lagos.
Nesse dia os encontramos na beira da praia. Chegaram à pinguineira um pouco depois de nós. Foram conosco na lancha, o que foi muito legal! Aproveitamos para deixar aqui um abraço para eles. Quem sabe eles leem essa publicação qualquer dia desses.
Tem que ficar atento para não perder nada
Após furar as ondas da praia já é momento de ficar atento! As ilhotas são muito próximas e a observação já começa de imediato. Em seguida avistamos os primeiros pinguins, o que encheu o barco de emoção e alegria.
Em um certo momento o nosso “piloto” chamou a atenção para uma formação rochosa que lembra um urso. Bem legal! Muito parecido mesmo como podem verificar em fotos logo abaixo.
Seguimos contornando as ilhotas. Vimos mais pinguins e também outras aves. Foi um passeio muito bacana! Daqueles que nunca mais saem da cabeça. Momento único e inesquecível.
No retorno a praia outro instante de tensão, pois o piloto tem que aguardar o momento certo entre a sequência de ondas para acelerar até a areia. Foi emocionante! Adrenalina pura! Deu tudo certo e ficamos muito satisfeitos.
Já passava da hora do almoço
Fim do passeio a pinguineira. Nos despedimos do Luis e da Leilaine e seguimos com o nosso guia para o próximo ponto, que era um restaurante retornando a Ancud. Já eram 17h e ainda não tínhamos almoçado.
Não lembro bem agora, mas acho que o almoço já estava incluso no pacote. Pagamos apenas a bebida. Foi um almoço simples. Tínhamos algumas opções e pelo o que lembro optamos por um prato com peixe.
Para acompanhar pedimos um vinho branco, um Santa Emiliana, Sauvignon Blanc, safra 2005, do Valle Central, Chile. Estava muito bom e harmonizou bem com o prato.
Antes de chegar ao restaurante topamos com bois e vacas no meio da estrada. Por alguns instantes não queriam nos deixar passar. O nosso guia, calmamente, foi fazendo com que eles se afastassem para que pudéssemos seguir.
Mais fotos antes de retornar da Ilha de Chiloé, Chile
Próximo ao restaurante havia outro mirante. Aproveitamos para fazer mais algumas fotos antes do retorno. A cidade de Ancud vista de cima de um morro. O céu estava carregado, mas mesmo assim foram registros bonitos.
Depois das fotos foi seguir o caminho de volta, mais 3h de viagem com nova travessia de balsa. Nem preciso dizer que chegamos muito cansados no hotel em Puerto Varas.
Despedida de Puerto Varas
Como pode imaginar, chegamos bem cansados da visita à Ilha de Chiloé, mas como guerreiros que somos, não deixamos o cansaço nos derrubar e fomos dar mais uma caminhada nos arredores do hotel onde estávamos, a beira do Lago Llanquihue. Era nossa última oportunidade, pois no dia seguinte a movimentação seria cedo, pois chegava a hora da tão aguardada Cruce de Lagos.
Caminhamos pela orla do Lago Llanquihue, fomos até a frente do Casino Puerto Varas mais uma vez, fizemos algumas fotos, e então voltamos para o hotel.
Comemos alguma coisa no quarto mesmo, acompanhado por um vinho, desta vez um tinto, um Cosiño Macul, Don Luis, Cabernet Sauvignon, safra 2005, Valle Del Maipo, Chile.
Fizemos um brinde de despedida e de agradecimento por mais um dia incrível de uma viagem igualmente incrível.
Arquivo D-G-v mostra imagens de arquivos da visita à Ilha de Chiloé
Em nosso canal no YouTube você pode assistir ao nosso vídeo de arquivo com um pouco do que foi nossa visita a Ilha de Chiloé. São imagens gravadas no dia do passeio, em uma época que as câmeras ainda eram limitadas, mas mesmo assim são imagens com muito valor.
No nosso canal estamos publicando outros vídeos como o da Ilha de Chiloé!
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E chegou a hora mais aguardada!
Na próxima publicação dessa série incrível, começo a contar como foi a Cruce de Lagos!
Provavelmente serão alguns posts com muita história e registros lindíssimos! Não perde!
Agradecemos por ler até o final sobre mais um dia da nossa viagem ao Chile e Argentina.
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Grande abraço e até a travessia!