Em setembro de 2006 fizemos nossa primeira viagem internacional. Contratamos um pacote turístico para fazer a Cruce de Lagos entre Chile e Argentina. Serão várias publicações para contar um pouco de tudo que vivemos nessa oportunidade. Nessa primeira publicação conto como foi a viagem de ida e o primeiro dia em Santiago.
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Partindo para a nossa primeira viagem internacional
Em setembro de 2006 já estávamos juntos há 12 anos e ainda não tínhamos feito uma viagem internacional. A Débora tomou a frente nessa ideia e descobriu a Cruce de Lagos, que é uma travessia feita entre Chile e Argentina, cruzando estradas e lagos, inclusive a Cordilheira dos Andes, entre ônibus e barcos. Bastante empolgante para uma primeira viagem para fora do país não acha?
Pata tal, contratamos um pacote turístico onde todo o roteiro já estava pronto. Nos pareceu mais tranquilo fazer dessa forma. O mesmo contemplava alguns dias em Santiago, onde visitaríamos também as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar.
Depois seguir de avião para o sul até Puerto Montt, onde passaríamos alguns dias hospedados em Puerto Varas. De Puerto Varas iniciar a Cruce de Lagos até Bariloche, onde permaneceríamos alguns dias também. Por último, de Bariloche seguir para Buenos Aires, onde ficaríamos apenas uma tarde antes de regressarmos para casa.
Iniciando a viagem para Santiago do Chile
Era dia 9 de setembro de 2006. A emoção era grande, junto com a ansiedade e uma dose de nervosismo. Deixamos nossas cachorras, a Brisa e a Pluma, com a minha sogra, a dona Nilse. Seguimos para o Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre para embarcarmos em um voo internacional rumo a Buenos Aires. Sim, o voo não era direto para Santiago. Havia uma conexão em Buenos Aires.
Passamos pelos tramites legais da saída do país, que inclui maior controle de bagagens e declaração de saída junto a Receita Federal, isso sem a necessidade de um passaporte devido ao Mercosul. Tudo resolvido partimos de Porto Alegre, fizemos uma escala em Montevideo, e então chegamos a Buenos Aires. Voos curtos, no total mais ou menos 2h, como se fosse de Porto Alegre para São Paulo.
A questão complicadora da ida era o tempo de conexão, entre o voo até Buenos Aires e o que partia para Santiago. Chegamos ao Aeroporto na hora do almoço e o próximo voo era apenas à noite. Foram horas de espera perambulando pela área de transição do Aeroporto Internacional Ezeiza. Foi bastante cansativo, mas não atrapalhou nossas expectativas.
Chegando em Santiago do Chile
Enfim chegou a hora de embarcar. Era noite já. Partimos para Santiago aliviados pela hora ter chegado. Voo com duração de mais ou menos 2 horas. Tudo tranquilo. Chegamos ao Aeroporto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez. Pela primeira vez passaríamos por uma imigração. Tudo tranquilo.
Na saída nos deparamos com muitas bagagens espalhadas por uma área grande, onde a polícia circulava entre elas usando cães farejadores. Nossas malas estavam entre elas. As pegamos e nos deslocamos para a saída, onde alguém estaria nos esperando para o traslado até o hotel.
Era tarde já. Por volta de meia noite. Éramos só nós para o traslado. Era uma van nova. Lembro que a pessoa era muito simpática. Fomos batendo papo até o Hotel Leonardo da Vinci, que fica uns 30 km do aeroporto. Até nos acomodarmos já era próximo da uma da manhã. Cansados que estávamos só nos restou dormir, pois no dia que já se iniciava tínhamos no roteiro o city tour pela cidade.
Mexeram na nossa mala!
Quando chegamos ao hotel em Santiago e fomos abrir nossa mala, nos demos conta que a mesma já tinha sido aberta. Por sorte não tínhamos nada de valor e não roubaram nada. Onde será que abriram? Imaginamos que deve ter sido durante o tempo longo de espera em Buenos Aires, enquanto era realocada de um avião para o outro.
Dia para conhecer um pouco de Santiago do Chile
Dia 10 de setembro de 2006. Acordamos antes do despertador, que acho que foi via recepção do hotel, programado pela própria agência de turismo. Somos pessoas muito preocupadas com horários e compromissos, então não gostamos de fazer nada de última hora. Levantamos com tempo para um bom banho, café da manhã e ainda alguma sobra.
Depois do café da manhã, voltamos ao quarto para uma última ida ao banheiro, escovar dentes, e então estávamos prontos para o passeio. Restava algum tempo e resolvemos procurar um caixa eletrônico próximo para sacar um pouco de dinheiro em moeda local. Descobrimos que havia uma avenida grande bem próxima. Fomos até lá, pois imaginamos que haveria um caixa eletrônico.
A visão deslumbrante da Cordilheira
A avenida em questão é a Apoquindo, que fica duas quadras do hotel. Caminhamos até ela e viramos à esquerda. Andamos um pouco quando um de nós resolveu olhar para trás.
Meu Deus! Nossa primeira grande emoção da viagem. Ela estava ali! A Cordilheira dos Andes! Nas nossas costas! Imensa! Deslumbrante! Nevada! Que visão! Ficamos de boca aberta e perdemos o fôlego por alguns instantes. Tão grande que parecia engolir a cidade. Uma saída despretensiosa que nos rendia um grande presente aos olhos e aos corações.
Saída tão despretensiosa que não levamos nossa câmera. Nessa época os celulares ainda não eram smartphones poderosos como hoje. Ficamos sem registro desse momento mágico.
Descobrimos uma estação de metro ali perto e conseguimos sacar um pouco de pesos chilenos. Voltamos para o hotel felizes com o que acabara de acontecer.
Saída para o City Tour em Santiago do Chile
Com alguns minutos de atraso partimos para o city tour por Santiago. Depois de circular um pouco, rodar pela Avenida Costaneira as margens do Rio Mapocho que recebe água de degelo da Cordilheira, e passar pela Praça Baquedano famosa por movimentos sociais, chegamos ao centro histórico, mais precisamente a Plaza de Armas, onde fica o marco zero da cidade.
Parada para explorar o local, caminhar e registrar fotos. A Plaza de Armas está rodeada por prédios históricos como o Palacio de la Real Audiencia de Santiago que desde 1982 passou a ser o Museo Histórico Nacional; a Catedral Metropolitana de Santiago; 0 Palacio Arzobispal que é a sede administrativa da Arquidiocese de Santiago e fica anexo a Catedral; o Correo Central; o Edifício da Prefeitura de Santiago (Municipalidad de Santiago).
Na praça também está a estátua equestre, feita em bronze, do conquistador espanhol Pedro de Valdivia, representando o ato de fundação da capital chilena em 1541. A estátua foi doada pela comunidade espanhola residente no Chile em comemoração aos 150 anos da independência chilena.
Seguindo com o passeio fomos até o Mercado Central. Nova parada breve para conhecer e fazer fotos. Caminhamos por dentro do Mercado, que é muito tradicional, com muitas bancas de frutos do mar, restaurantes, e outros tantos itens que costumam estar presentes em mercados desse tipo. Acabamos não fazendo fotos da parte interna. Foi uma parada bem rápida.
Cerro San Cristóbal
Do Mercado a programação seguiu para visita ao Cerro San Cristóbal. Foi muito bacana e deixo como dica imperdível se você vai a Santiago. O cerro fica em posição privilegiada oferecendo uma vista panorâmica incrível da cidade.
No pé do cerro se toma um funicular até o topo. Na metade da subida tem uma parada que atende o Zoológico Nacional. Chegando ao topo existe um santuário, mirantes, muitos barzinhos, e muitos caminhos que levam a vários pontos do Parque Metropolitano.
Nos barzinhos ou barraquinhas é possível experimentar uma bebida típica, o Mote con Huesillo, feita de trigo e pêssegos, não alcoólica, e muito doce. Experimentamos aceitando a gentileza de uma das colegas de tour. Realmente muito doce. Quase uma calda.
A vista do topo é deslumbrante. Uma pena que o dia não estava bonito. Estava com um tipo de neblina, mais parecido com poluição, talvez fosse poluição, que limitava nossa visão. Uma pena realmente.
Descida de Teleférico
Depois de curtir a vista, caminhamos até a Estación Cumbre San Cristobal para pegar o teleférico. Mais uma experiência e tanto. Curtimos o visual aéreo e chegamos ao outro lado do parque. No horário marcado reencontramos o grupo para seguir com o city tour.
Bairro Boêmio
Do Cerro seguimos para conhecer o bairro boêmio da cidade, o Bellavista, com galerias de arte, casas coloridas e bistrôs descontraídos. À noite, a área fica animada com restaurantes, clubes e bares. É nesse bairro onde também está a La Chascona, casa que foi residência do poeta chileno Pablo Neruda, que hoje é um museu sobre o escritor.
Ao passar pelo bairro o ônibus do passeio virou um burburinho, pois muitos já se programavam para voltar ao bairro à noite e outros à tarde para visitar a casa de Pablo Neruda.
Lapislazuli
Para encerrar o city tour, faltava aquela parada preparada especialmente para os turistas gastarem dinheiro em alguma loja parceira. Parada estratégica na loja Blue Stone Lapislazuli Designs, que vende joias e itens decorativos feitos com a pedra semipreciosa lápis-lazúli, considerada a pedra patrimônio e símbolo do Chile, com referência na bandeira inclusive.
Com um tom azul púrpura brilhante e profundo, é encontrada nos Andes, ao norte do país. Há somente uma mina onde a extração ocorre apenas nos meses de verão, pois a mesma se encontra a mais de 3.350 metros acima do nível do mar, no alto das montanhas.
Realmente tudo muito bonito e interessante. A pedra é muito linda, mas muito cara! Itens bem pequenos custavam o olho da cara. Como não é o nosso estilo, admiramos mas não compramos.
Fim do tour por Santiago do Chile na hora do almoço
Depois da parada nas pedras azuis nos deram duas opções: ou podíamos ser deixados no hotel ou no Mall Costanera Center. Antes de resolvermos para onde ir a responsável pelo tour ofereceu um passeio à vinícola Concha Y Toro na parte da tarde, com saída do shopping. Não demoramos muito para decidir ficar no shopping.
O tempo disponível antes do passeio à vinícola foi bem aproveitado. Conhecemos o shopping, almoçamos e compramos mais um cartão de memória para a nossa máquina fotográfica, pois estávamos com problema em relação ao espaço para armazenar nossas fotos e vídeos.
Concha Y Toro
Ficamos entusiasmados pela visita a Concha Y Toro, pois nessa época estávamos desenvolvendo nosso paladar e interesse por vinhos. Já tínhamos degustado muitos Casilleros del Diablo e o passeio nos interessou muito. Conto sobre a visita a Concha Y Toro na próxima publicação.
Restaurante Giratorio em Santiago
Voltamos do passeio à Concha Y Toro no fim da tarde. Dia intenso, mas à noite ainda nos reservava mais uma experiência. Programamos jantar no Giratorio, restaurante com piso giratório de onde se tem uma visão panorâmica 360° da cidade.
Conversamos com a recepção do hotel e nos recomendaram usar o serviço de táxi acionado pelo próprio hotel, pois os taxistas de rua costumavam enganar turistas com taxímetros adulterados. Fizemos isso. Chamamos um motorista por meio do hotel, acertamos os valores e o horário da volta.
Gostamos muito da experiência. Comemos muito bem e bebemos um bom vinho, mas aqui fica uma dica: melhor aproveitamento da vista durante o dia. É linda a cidade toda iluminada, mas não se tem boa visão. Não é possível aproveitar ao máximo o que a vista pode oferecer. Reflexos nos vidros e nenhuma noção de distância. Não se consegue distinguir nada! Não se enxerga a Cordilheira. Enfim, com certeza em uma próxima ida a Santiago voltaremos ao restaurante para almoçar.
Voltando para o Hotel
Na hora combinada com o taxista estávamos prontos na porta o aguardando. Aguardamos, e aguardamos, e nada. Começamos a ficar preocupados. Resolvemos pegar um dos táxis que estavam estacionados estrategicamente na porta do edifício onde fica o restaurante, mesmo correndo o risco de sermos enganados.
O motorista realmente não inspirava confiança, ou já estávamos pré-condicionados a ter essa impressão. Falador, logo descobriu que éramos brasileiros e turistas. Nos levou ao hotel sem problemas ou rodeios. Para a nossa sorte o hotel era muito perto, apenas 3km de distância.
Chegamos, pagamos e em seguida nos demos conta que tinha nos cobrado bem mais do que o normal. Tinha acontecido exatamente o que a recepção do hotel nos alertara. Mas nossos anjinhos protetores estavam espertos. No final das contas, mesmo sendo logrados pelo segundo motorista, pagamos no total, menos do que havíamos combinado com o primeiro. Tudo certo então. Só nos restou rir da situação.
Um dia intenso em Santiago do Chile
Fim de dia. Um dia repleto de atividades e muito bem aproveitado. Apenas o primeiro dia da viagem que ainda nos reservaria muitas experiências e emoções inesquecíveis.
Já no hotel, apesar do cansaço, ainda tivemos forças para ir até a ilha com computadores ligados à internet para acessarmos nossos e-mails. Era assim que a coisa funcionava em 2006!
O dia seguinte prometia!
No dia seguinte a programação prevista era para o dia todo. Visitamos as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar, distantes 130km do nosso hotel. Foi mais um dia incrível que contarei com detalhes em uma próxima publicação.
Obrigado por ler até o fim!
Continue nos acompanhando, pois vem muita coisa legal por aí!