Seguindo com nossa viagem pelo Chile, voamos até Puerto Montt, com a Cordilheira dos Andes o tempo todo ao nosso lado, e na chegada já fomos conhecer o Vulcão Osorno. No segundo dia na Região dos Lagos, conhecemos um pouco mais de Puerto Varas, Llanquihue, Frutillar e Puerto Montt.
Seja bem-vindo ao site do projeto da Débora (Dé) e do Gustavo (Gus), o Dé-Gus-tando a viagem. Aqui você vai ficar sabendo de tudo sobre o nosso projeto de viver na estrada, e também terá acesso às viagens que fizemos, compartilhando histórias, curiosidades, informações e experiências vividas durante os 28 anos que estamos juntos.
Série sobre nossa viagem pelo Chile e Argentina
Essa publicação faz parte de uma série em que conto sobre nossa primeira viagem internacional, quando contratamos um pacote para fazer a Cruce de Lagos entre Chile e Argentina.
Nosso roteiro começou por Santiago, onde também visitamos a vinícola Concha Y Toro, e as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar. Depois fizemos um voo mágico para Puerto Montt, pois a Cordilheira dos Andes nos fez companhia por todo o percurso. Na chegada em Puerto Montt não perdemos tempo e já visitamos o Vulcão Osorno.
Se você ainda não leu os posts anteriores, fica o convite. E fique ligado, pois essa história foi muito intensa, cheia de aventura e lugares incríveis, que ainda vão render muitos capítulos.
Começando o segundo dia na Região de Los Lagos do Chile
Depois de um dia incrível, onde voamos de Santiago para Puerto Montt tendo a Cordilheira dos Andes como cenário de fundo, e ainda visitamos o Vulcão Osorno, acordamos mais tranquilos no dia 13 de setembro de 2006, pois não tínhamos programação pela manhã.
Na Região de Los Lagos anoitece e amanhece mais tarde. Fizemos alguns registros a partir da janela do nosso quarto, já passava das 9h da manhã, e o Sol recém tinha dado as caras.
Caminhando pela orla do Lago Llanquihue em Puerto Varas
A programação do dia 13 era visitar as cidades de Llanquihue, Frutillar e Puerto Montt, com saída prevista para o final da manhã. Aproveitamos que tínhamos algumas horas antes que nos buscassem para dar uma caminhada no entorno do hotel.
Fizemos fotos do hotel e depois fomos até a orla, na beira do Lago Llanquihue. Caminhamos um pouco por lá. Estava muito agradável e tranquilo. Foi muito bacana.
Sobre o Hotel los Alerces
O Hotel los Alerces ficava bem próximo ao lago, na avenida Vicente Pérez Rosales, número 1281. Bastava atravessar a avenida para estar na orla. Eu disse que o hotel “ficava” porque depois de muita pesquisa descobri que não está mais no mapa.
Apesar de muitos sites de reservas ainda mostrarem o Hotel los Alerces como uma opção de hospedagem em Puerto Varas, quando verificamos a foto de satélite de 2021, vemos um edifício grande no lugar onde eram cabanas e um prédio mais modesto. Dá para ver que atrás do edifício há indícios de um canteiro de obra.
Provavelmente o terreno foi vendido e um novo empreendimento ocupou o espaço. Nas redes sociais só constam publicações antigas e o endereço do site não funciona mais. Como não foi possível descobrir mais nada, imagino que seja algo que aconteceu recentemente.
Aguardando o passeio no hotel e fazendo amizade
Depois de aproveitarmos um pouco a rua curtindo a vista do Lago Llanquihue, voltamos para o hotel para aguardar nosso passeio. Aproveitamos para fazer mais fotos do interior do hotel e do nosso quarto.
Na saída para o tour a Débora fez uma amizade muito especial. A partir dali sempre vinha fazer festa para ela antes e depois dos passeios.
Sobre Puerto Varas e a região de Llanquihue
Puerto Varas, que é conhecida como “ciudad de las rosas”, está localizada na Região de Los Lagos, distante cerca de 960 km de Santiago, sentido sul, situada em frente ao lago Llanquihue, o segundo maior lago do Chile e o terceiro maior lago natural da América do Sul.
Conforme descobertas recentes, o território da Região de Los Lagos foi fortemente dominado por geleiras, período denominado “Glaciação Llanquihue”, entre 75.000 e 14.500 anos antes da data atual, que em seu processo de degelo, deixaram uma bacia que mais tarde seria ocupada pela água devido à ação da gravidade, o Lago Llanquihue.
A ocupação de Puerto Varas, assim como da região, começou no ano de 1853, devido ao que foi chamado de colonização de Llanquihue, quando o Governo do Chile, buscando incorporar territórios desabitados do sul ao resto do país, iniciou um assentamento gradual da bacia do Lago Llanquihue, com imigrantes vindos principalmente da Alemanha através do Decreto Supremo emitido pelo Ministério do Interior datado de 27 de junho de 1853.
Os primeiros 212 colonos alemães que chegaram ao que se tornaria Puerto Varas, desembarcaram no final de 1853 onde hoje é Puerto Montt. Na atualidade os mais de 44.000 habitantes da cidade ainda mantêm a tradição arquitetônica, gastronômica e cultural alemã.
El Alerce: tesouro nativo do sul do Chile
O nome do nosso hotel em Puerto Varas não podia ser mais simbólico. Hotel los Alerces em referência a árvore, “alerce”, considerada única, a maior árvore da América do Sul e a segunda mais velha do mundo.
Seu crescimento muito lento e a quantidade de tempo que consegue viver, atraem a atenção de cientistas e especialistas do Chile e do mundo. São aproximadamente 4.000 anos, atingindo lentamente uma altura de 40 metros.
Conforme informações dos guias, as autoridades chilenas se preocupam com a conservação da espécie que foi declarada monumento nacional. Desde 1976 está protegida e não pode ser derrubada. A utilização da madeira, que é nobre, só pode ocorrer utilizando os exemplares que morrem naturalmente.
Saindo para o tour por Llanquihue, Frutillar e Puerto Montt
Era final da manhã do dia 13 de setembro de 2006 e chegava a hora de sair para o tour do dia. No roteiro estava ir até a cidade de Frutillar, onde íamos ter tempo para passear e almoçar, mas passando primeiro para conhecer um pouco da cidade de Llanquihue.
Mais para o meio da tarde, depois de conhecer e almoçar em Frutillar, a programação era conhecer Puerto Montt.
Cidade de Llanquihue: a primeira atração do dia
Assim como Puerto Varas, a cidade de Llanquihue surgiu em decorrência da colonização iniciada em 1853, com a chegada de imigrantes vindos principalmente da Alemanha. Está localizada a oeste do Lago Llanquihue, 27 km de Puerto Montt, entre as cidades de Puerto Varas (7 Km) e Frutillar (19 Km).
A cidade ganhou um grande impulso em 1907 com a chegada da ferrovia e a criação da estação Llanquihue. Em 2005 a estação foi remodelada para o início do serviço de passageiros da linha Regional Victoria-Puerto Montt, entre Temuco e Puerto Montt. Já em março de 2006 o serviço foi estendido à cidade de Victoria. No ano de 2007, devido a problemas de financiamento, foram suspensas as operações em Llanquihue.
A orla da cidade de Llanquihue é considerada como o melhor ponto para visualizar os três vulcões da região: Osorno, Calbuco e Pontiagudo. A cidade conta também com muitas propriedades rurais e casas antigas preservadas como a Schöbitz.
Circulamos por Llanquihue com o guia nos contando sobre a cidade e chamando a atenção para o que estávamos vendo pelas janelas, como a ponte ferroviária Puente Maullin, o Muelle de Llanquihue que hoje em dia está todo reformado, a Playa Los Cisnes e vários casarões antigos.
Sobre a Casa Schöbitz
A Casa Schöbitz é um ícone da cidade de Llanquihue. Foi construída em 1920 por mando de Otto Schöbitz. Sua arquitetura corresponde às características típicas da região, com influência direta alemã, praticamente toda em madeira nativa, desde a estrutura, revestimento como as telhas.
Outros casarões de Llanquihue
O que não faltam na cidade são casas e casarões de todos os tipos e idades. Passamos por vários outros durante o passeio.
Cervejaria com vista para fazenda de salmão no Lago Llanquihue
Seguimos o caminho em direção a Frutillar, mas ainda faltava uma atração em Llanquihue: visitar uma cervejaria. Visitamos a sede da Cerveza Colonos del Llanquihue, que hoje em dia é uma das microcervejarias mais importantes do Chile.
Assim que chegamos ao endereço da cervejaria, que é sobre uma colina, o guia chamou a atenção do grupo para a fazenda de salmão no Lago Llanquihue que podia ser avistada dali, lembrando do que havia nos falado sobre os tanques com salmões que encontramos no caminho para o vulcão Osorno.
Sobre a Cerveza Colonos del Llanquihue
A história da microcervejaria começou no ano de 2000, quando um grupo de oito leiteiros decidiu criar uma cervejaria devido a baixa nas vendas do mercado de laticínios. O projeto não ficou só na ideia, tomou forma jurídica como Cervecera Totoral Ltda., tendo o produto que produziriam batizado como “Colonos del Llanquihue“, em homenagem aos primeiros alemães que colonizaram a área.
Naquela época só havia produção industrial no Chile, e a ideia era fazer um produto local e natural, de qualidade totalmente diferente daquela que era massivamente comercializada.
Primeira produção
Apenas dois anos depois da fundação conseguiram obter a sua primeira produção. Foram 100 litros de cerveja Colonos Lager Premium, artesanal, natural, não filtrada, não pasteurizada e sem conservantes, acondicionada em pequenas garrafas de 330 cc.
Após o primeiro ano de produção, em 2003 a Cerveja Colonos del Llanquihue participou da Feira Mundial da Cerveja Brau-Nüremberg, onde foi degustada por diferentes cervejeiros alemães, sendo que muitos deles reconheceram a Cerveza Colonos como um excelente produto entre as melhores cervejas alemãs.
Crescimento
Depois de dois anos de operação os resultados iam bem, com o crescimento da aceitação do produto mesmo custando um pouco mais do que as cervejas industrializadas. Entre janeiro e março dos anos de 2004 e 2005 atingiram o pico de vendas em 13 mil litros.
Diante do sucesso, em 2007 a empresa foi reestruturada, deixando de ser uma sociedade limitada para se tornar uma sociedade anónima. Em 2009 a Cervecera Totoral SA já produzia quinze mil litros de cerveja por mês e era operada por um mestre cervejeiro.
Momento atual
Descobri que a Cerveza Colonos já não existe mais. Os negócios cresceram, se expandiram, e em notícia recente verifiquei que a Cervecera Totoral SA está produzindo outros produtos, inclusive premiados mundialmente.
Lançou no final de 2018 a Cerveza 860 em homenagem aos 860 km² do Lago Llanquihue, e reinaugurou recentemente o restaurante que fica no mesmo local em que estivemos em 2006.
A Cerveza 860 é produzida em 4 variedades, todas nomeados em homenagem à flora e fauna da região. Entre elas está a “Chucao” do tipo scotch ale, variedade que ganhou o Country Winner do World Beer Awards 2019.
Outro produto é a Cerveza Loco Patrón, Muerte Súbita, uma cerveja com alto teor alcoólico, que ganhou a melhor cerveja barley wine rubia (vinho de cevada) conforme o World Beer Awards 2021.
Visita, degustação e salmão defumado
Engraçado pensar que estivemos na microcervejaria em setembro de 2006, ou seja, poucos anos depois do início da produção e da consolidação do produto. Foi uma visita bem legal. Conhecemos as instalações e fizemos uma degustação. Era uma cerveja bem diferente.
No restaurante lembro que compramos salmão defumado, provavelmente da produção local, que comemos no hotel acompanhado de um vinho em uma das noites seguintes.
Almoço em Frutillar
Depois da visita a cervejaria, com direito a degustação e compra de salmão defumado, seguimos para a cidade de Frutillar, onde teríamos tempo livre para passear pela cidade e almoçar.
A cidade de Frutillar também reserva muitas informações interessantes. É uma cidade muito musical. Foi um passeio bem bacana também. Visitamos o Museo Colonial Aleman, da Universidad Austral De Chile, e depois almoçamos no Café Restaurant Guten Apetit.
Sobre a visita à cidade de Frutillar eu conto na próxima publicação, pois essa já ficou extensa demais. Não perca!
Muito obrigado por ler até aqui!
Espero que você tenha gostado das informações sobre o dia da visita e da pesquisa realizada, e também dos registros fotográficos da época.
Continue acompanhando a série sobre a viagem ao Chile e Argentina e tudo mais que publicaremos em nosso site.
Grande abraço e até breve!