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Serra Talhada, terra natal de Lampião

Igreja Nossa Senhora da Pena de Serra Talhada, Pernambuco

Depois da visita ao Museu do Cangaço, caminhei por Serra Talhada, cidade do sertão do Pernambuco, terra natal do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como o “Rei do Cangaço”.

Visita à Serra Talhada, sertão do Pernambuco

No dia 21/09/2021, em viagem à cidade de Serra Talhada, no estado do Pernambuco, visitei o Museu do Cangaço e depois caminhei pela cidade que é a terra natal do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como o “Rei do Cangaço”.

Depois do museu, visitei a Igreja Nossa Senhora da Penha, igreja matriz de Serra Talhada, e na sequência a Igreja Nossa Senhora do Rosário, que foi construída por escravos na época do surgimento da fazenda, que ganhou o nome da serra, e que no futuro daria o nome a cidade.

Caminhei também pela Praça Agamenon Magalhães onde ficam o Marco Zero, a Concha Acústica, e a Igreja Nossa Senhora do Rosário.

Depois pela Travessa Manoel Joaquim Policarpo, Praça Dr. Sérgio Magalhães, Praça Barão do Pajeú e Casa da Cultura. Também atravessei a ponte sobre o Rio Pajeú e conheci o Cristo do Bairro Bom Jesus, sempre com a Serra Talhada aos olhos.

Em frente à Igreja Matriz de Serra Talhada, terra natal de Lampião.
Em frente à Igreja N. Sra. da Penha, Matriz de Serra Talhada.

A cidade de Serra Talhada, terra natal de Lampião, sertão do Pernambuco

Serra Talhada, terra natal de Lampião, fica na Mesorregião do Sertão Pernambucano; polo em saúde, educação e comércio. Fica distante 415 km da capital Recife.

É a segunda cidade mais importante do Sertão de Pernambuco, atrás de Petrolina. Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2021, era de 87.467 habitantes.

É conhecida como a capital do xaxado, nome que faz referência ao barulho que as sandálias dos cangaceiros faziam no chão ao dançarem. Falando em cangaceiros, é a terra Natal de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, ou “Rei do Cangaço” como é conhecido.

O nome “Serra Talhada” veio do nome de uma serra presente no município, que seu formato sugere que foi cortada ao meio, que sofreu um talho. Antes de dar nome ao município, deu nome à fazenda do português Agostinho Nunes de Magalhães, primeiro a arrendar terras na região.

Um pouco da história

No século XVIII, a região era habitada pelos índios Cariris, enquanto a pecuária avançava e chegava ao vale do Rio Pajeú. Foi neste contexto que em meados de 1700 o português Agostinho Nunes de Magalhães arrendou quatro fazendas na região, cujos primeiros tributos foram pagos em abril de 1757.

Uma destas propriedades rurais era a “Fazenda Serra Talhada”, situada ao lado da serra de mesmo nome. A fazenda Serra Talhada estava situada no ponto de encontro entre importantes rotas que levavam aos currais e feiras de gado do Ceará, Paraíba e Bahia. Neste lugar passou a acontecer a Feira Livre de Serra Talhada, realizada pela primeira vez em 10 de fevereiro de 1778, ocorrendo desde então em todas as segundas, até hoje. Foi aí que surge a vocação mercantilista do município.

Praça Dr. Sérgio Magalhães, em Serra Talhada, Pernambuco.
Praça Dr. Sérgio Magalhães com a torre da Igreja Matriz ao fundo.

De vila a cidade

Por volta de 1789 a 1790, é construída, próxima à feira, uma capela em louvor a Nossa Senhora da Penha, pelos escravos de Filadélfia Nunes de Magalhães (filha de Agostinho), a mandante da construção. Ao seu redor, forma-se um povoado de vaqueiros, feirantes e tropeiros.

Em 18 de abril de 1838, uma lei eleva o povoado à categoria de Freguesia de Vila Bela, subordinada à Vila de Flores. Em 6 de maio de 1851, se desmembra de Flores e é elevada à categoria de vila. A partir dessa data, passa a ter autonomia própria e uma Câmara Municipal.

Em 1893, toma posse o primeiro intendente de Vila Bela, Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú. Já no ano de 1909, Vila Bela é elevada à categoria de município.

Dia 15 de junho de 1939, o então Governador de Pernambuco, o serratalhadense Agamenon Magalhães, altera o município de Vila Bela para “Serra Talhada”.

Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha

Depois do Museu do Cangaço segui a pé até a Igreja Nossa Senhora da Penha, Matriz de Serra Talhada, que teve construção concluída em 1953, na gestão paroquial de Jesus Garcia Riaño, o padre Jesus. Ele foi o condutor dos trabalhos de conclusão de uma obra que durou mais de 30 anos.

É uma das igrejas mais belas de todo o estado de Pernambuco. Chama a atenção por seu estilo neoclássico, e por seu tamanho e altura imponente. Na chegada fiquei realmente impressionado! Pena que estava fechada e não foi possível conhecê-la por dentro.

Suas principais características são a verticalidade, a utilização de vitrais, portas e janelas com formato de ogivas, pontas agulhadas das torres que propõem o contato com o céu.

Torre da Igreja Matriz de Serra Talhada, terra natal de Lampião.
Torre imponente da Igreja Matriz de Serra Talhada.

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Da Igreja Matriz segui no sentido do Marco Zero de Serra Talhada, onde fica a primeira igreja da cidade, erguida por escravos entre 1789 e 1790, por iniciativa de Filadélfia Nunes de Magalhães, filha do português Agostinho Nunes de Magalhães, o arrendador das terras da fazenda que deu origem ao primeiro povoado e depois a cidade de Serra Talhada.

Esse pequeno templo foi construído em frente da casa senhorial, para abençoar a fazenda Serra Talhada, no início em devoção a Nossa Senhora da Penha, padroeira da cidade.

Contam alguns moradores mais velhos, que os escravos que trabalharam na obra construíram um túnel, que ligava o altar da Igreja à “caverna do morcego”, na Serra Talhada, com o objetivo de aproveitarem a distração dos encarregados durante as missas para fugirem.

Serve atualmente como matriz à paróquia de N. Sra. do Rosário, fundada em 07 de fevereiro de 1967.

Também estava fechada no momento da minha visita.

Primeiro igreja de Serra Talhada, hoje Igreja N. Sra. do Rosário.
Primeiro igreja de Serra Talhada, hoje Igreja N. Sra. do Rosário.

Concha Acústica e Marco Zero de Serra Talhada

Ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário fica a praça Agamenon Magalhães, onde está localizado o Marco Zero de Serra Talhada e Concha Acústica.

A Concha Acústica é um anfiteatro ao ar livre, com capacidade para três mil pessoas, com vários barzinhos e restaurantes tradicionais no seu entorno. É um local de vários eventos, como shows, espetáculos de teatro, festivais de músicas, entre outras atividades.

Concha Acústica de Serra Talhada, terra natal de Lampião, junto ao Marco Zero da cidade.
Concha Acústica de Serra Talhada junto ao Marco Zero da cidade.

Casa da Cultura

Na minha caminhada também passei pela Casa da Cultura de Serra Talhada, uma construção antiga, que já foi Fórum, Câmara de Vereadores, e até cartório.

Hoje abriga peças de toda a história da cidade, desde Lampião, filho ilustre de Serra Talhada, como fotos e documentos sobre pessoas importantes do município, como o Padre Jesus, fundamental na conclusão da construção da Igreja Matriz, e suas “misses”, que em três anos consecutivos levaram o prêmio de Miss Pernambuco. Também estão expostas outras peças e itens históricos.

Prédio da Casa da Cultura de Serra Talhada, terra natal de Lampião.
Prédio da Casa da Cultura de Serra Talhada.

Ponte sobre o Rio Pajeú

No fim do passeio ainda cruzei a Ponte sobre o Rio Pajeú, que liga o centro da cidade ao bairro Caxixola, de onde se tem uma bela vista do Rio e da Serra. É por ela também que se vai ao aeroporto de Serra Talhada, o Santa Magalhães, também conhecido como Aeroporto Regional do Pajeú.

O Rio Pajeú estava praticamente seco na ocasião da minha passagem. Ele nasce na Serra do Balanço, município de Brejinho, divisa entre Pernambuco e Paraíba. Percorre uma distância de 347 km até desaguar no Rio São Francisco, no lago da Barragem de Itaparica. Drena 22 municípios na bacia e sua área corresponde a 17% do estado de Pernambuco.

A Serra Talhada

Por vários momentos é possível ver a Serra responsável pelo nome da primeira fazenda e que deu origem ao nome da cidade. Não fui até ela, mas a mesma conta com trilhas, que levam até o topo, de onde se tem a vista de toda a cidade e de parte do Vale do Pajeú.

Outra informação é de que em época de chuvas, pode-se aproveitar pequenas cachoeiras que se formam nos rochedos. Existem grupos na cidade que aproveitam as formações rochosas para praticar rapel.

Cruzando a Ponte sobre o Rio Pajeú com a Serra Talhada ao fundo.
Cruzando a Ponte sobre o Rio Pajeú com a Serra Talhada ao fundo.

Serra Talhada, Pernambuco, em vídeo no Canal

A visita à cidade de Serra Telhada, terra natal de Lampião, no Sertão do Pernambuco, rendeu dois vídeos para o nosso Canal no YouTube.

O primeiro vídeo mostra como foi a visita ao Museu do Cangaço, o maior do gênero no Brasil, onde foi possível conhecer um pouco mais sobre a história do cangaço e do Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, filho ilustre de Serra Talhada, também conhecido como “O Reio do Cangaço”.

O segundo apresenta os pontos listados acima. Você pode conferir o segundo vídeo logo abaixo.

Agradecemos por você chegar até o final deste artigo.

Aproveitamos para convidá-lo a conhecer nosso projeto assistindo o vídeo onde contamos tudo sobre como idealizamos nossa vida na estrada em uma casinha de um pouco mais de 8m².