Puerto Madero em Buenos Aires

Continuando nosso passeio por Buenos Aires, no segundo dia estávamos livres. Saímos para caminhar pela região próxima ao hotel, quando, entre outros pontos, conhecemos o Puerto Madero.

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Dia livre para caminhar e explorar

Como tudo na vida, sempre há um lado bom e um lado não tão bom nas coisas que fazemos. É bom ter programação, mas também é bom estar livre para fazer o que quiser.

Depois de um primeiro dia bastante movimentado, com city tour durante o dia e show de tango à noite, tínhamos um dia bem mais tranquilo, sem programação definida.

Era dia 26 de março de 2011. Estávamos hospedados no Hotel Bristol, do lado do Obelisco, o que facilitou bastante para nós, pois tem muita coisa na volta para visitar.

Seguindo pela Rua Florida

Saímos para pernear, com o objetivo de seguir, “despacito”, até o Puerto Madero. Seguimos então por várias ruas próximas. São muitas ruas e avenidas famosas no entorno do hotel no sentido do Puerto Madero, como a Av. 9 de Julio, Corrientes, Sarmiento, Córdoba, mas não queríamos deixar de caminhar pela Calle Florida.

É com certeza uma das ruas mais famosas de Buenos Aires. São 10 quarteirões, só para pedestres, repletos de lojas de todos os estilos possíveis. Além da variedade de lojas, é na Florida a oportunidade para sentir o espírito da cidade portenha, pois também estão vendedores ambulantes, jornaleiros, e dançarinos de tango se apresentando ao ar livre.

É uma rua muito importante historicamente para Buenos Aires. Foi a primeira rua a ser pavimentada do país, também a primeira a receber iluminação a gás e elétrica, e a primeira a ser transformada em calçadão. Os primeiros registros da rua que se tornaria a Florida, aparecem em um mapa de 1582.

Rua Florida.

Galerias Pacífico

E é seguindo pela Florida, que na esquina com a Av. Córdoba, se chega a um shopping muito famoso de Buenos Aires: o Galerias Pacífico.

O prédio do final do século XIX que funciona como shopping desde 1992, foi declarado Monumento Histórico Nacional em 1989. De arquitetura inspirada nas galerias europeias, já abrigou o Museu Nacional de Belas Artes, hotel, e até centro de tortura durante o regime militar.

Os grandes afrescos no teto, que chamam muito a atenção de quem à visita, foram pintados por 5 artistas, sendo 4 argentinos, durante uma reforma realizada entre 1945 e 1947.

É um lugar bastante turístico e com muitas lojas de marcas famosas, então, com certeza não é o melhor lugar para quem procura os melhores preços. Em compensação, se você fizer uma compra acima de 70 pesos, com a nota fiscal no momento da saída do país, é possível recuperar até 16% do valor.

Entre as lojas das Galerias Pacífico estão: Adidas, Brooksfield, Carmen Steffens, Chanel, Clinique, Freddo, Havanna, Hugo Boss, Lacoste, Lâncome, Levis, L’Occitane, Mac Pro (a única da América Latina), Nike Shop, Swarovski, Timberland e Tommy Hilfiger.

Galerias Pacífico, Buenos Aires.
Contemplando o belíssimo interior da Galerias Pacífico, Buenos Aires.

Seguindo até o Puerto Madero

Saímos da Galerias Pacífico pela porta que dá na Av. Córdoba. Continuamos a caminhado no sentido do Puerto Madero. Da porta da galeria até a Ponte da Mulher e Fragata Sarmiento por exemplo, são aproximadamente 2 km, mais ou menos 25 minutos de caminhada.

Chegamos ao Puerto Madero bem no início dele, pela Av. Córdoba. Foi possível caminhar por toda a extensão apreciando a vista dos belos arranha-céus e os bares e restaurantes.

Primeira olhada no Puerto Madero.

Sobre Puerto Madero

A gente fala em “Puerto Madero” e pensa em “puerto”, um porto. E realmente já foi um porto. Hoje é um bairro, considerado um dos mais elegantes e caros da cidade, muito frequentado pelos turistas, que lotam os restaurantes que ocupam as antigas docas.

Em 1882 o governo da cidade contratou o engenheiro Eduardo Madero (que deu o nome do bairro) para projetar a construção de um porto que resolvesse os problemas das embarcações que chegavam à cidade pelo Rio de La Plata. Devido à baixa profundidade, o desembarque e os descarregamento dos navios só era possível utilizando embarcações menores, que então chegavam até a terra, pois não havia docas em Buenos Aires ainda.

Contemplando Puerto Madero.

Degradação

Apesar do sucesso do projeto, uma década após a inauguração do porto, as instalações tornaram-se obsoletas devido ao surgimento de grandes navios cargueiros. Diante do novo problema, um novo projeto foi desenvolvido, chamado de Puerto Nuevo, com docas em forma de pente, localizado bem próximo do anterior. que seguem em funcionamento.

Com isso a área do Puerto Madero ficou desvalorizada e passou por um longo período de degradação. Somente em 1989 foi assinado um termo de cooperação entre vários órgãos com a finalidade de transformar a antiga área portuária em um novo bairro por meio de uma parceria público-privada.

A revitalização da região que foi iniciada na década de 1990, se tornou referência para outros países, sendo um dos projetos de renovação urbana mais bem sucedidos do mundo.

Mais sobre o bairro de Puerto Madero

Dá uma olhada no mapa. A maior parte do bairro fica em uma ilha, interligada ao continente por seis pontes. Durante a revitalização muitas avenidas e ruas foram abertas, parques foram projetados, monumentos criados, áreas foram reaproveitadas para a construção de residências, surgiram muitos edifícios comerciais, universidades, hotéis de luxo, restaurantes, centros culturais, teatros, cinemas, e muito mais, muitos localizados em arranha-céus de encher os olhos.

Segundo um estudo feito pela plataforma Properati publicado em 2018, Puerto Madero foi apontado como o bairro mais exclusivo e procurado da América Latina. De acordo com os dados apontados, o valor médio do m² de apartamentos com dois ou três quartos é de US$ 7.038, o mais caro levando em consideração os valores de outros bairros valorizados, como Ipanema no Rio de Janeiro por exemplo.

Caminhando por Puerto Madero

Caminhamos por Puerto Madero desde a Av. Córdoba até mais ou menos a Calle Moreno, já junto ao Ministério da Defesa. No caminho muitas paradas para contemplação e fotos, também comprar água e descansar um pouco.

Estávamos acompanhados de um casal que conhecemos no hotel. Mais para o fim da caminhada por Puerto Madero escolhemos uma lanchonete para almoçarmos. Estava bastante quente e ensolarado.

Caminhando por Puerto Madero.
Muitos bares e restaurantes por toda a extensão.

Ponte da Mulher (Puente de la Mujer)

No caminho passamos por vários pontos turísticos, como a Puente de la Mujer, um projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, sua única obra na América Latina. É uma ponte para pedestres com um desenho muito curioso, que representa um casal dançando tango. Outra característica interessante é ser giratória, permitindo a passagem dos navios maiores que se aproximam do porto.

Puente de la Mujer, para pedestres, que faz alusão a um movimento do tango.
É uma ponte giratória, que permite a passagem dos navios maiores.

Navios-museus de Puerto Madero

Próximos da ponte estão dois navios de guerra antigos que viraram museus: o ARA Uruguay e o ARA Presidente Sarmiento.

O ARA Uruguay é uma corveta construída na Inglaterra, sendo hoje o navio mais antigo da Armada Argentina ainda flutuando, tendo sido oficialmente incorporado à frota naval argentina em setembro de 1874.

Já o ARA Presidente Sarmiento é uma fragata, também construída na Inglaterra, que foi o primeiro navio-escola da Argentina, construído especificamente para este fim. A Fragata Sarmiento foi construída em 1897 e realizou 37 viagens pelo mundo. Em 1963 foi declarada Monumento Histórico Nacional e desde então funciona como museu.

Corveta ARA Uruguay atracada no Puerto Madero.
Fragata ARA Presidente Sarmiento, um navio-escola construído em 1897.

Ministério da Defesa (Ministerio de Defensa)

Chegamos então próximos a um grande prédio, o Ministerio de Defensa. Entre o Puerto Madero e o Ministerio passa um trem de superfície. Flagramos a passagem de um.

O Ministério da Defesa é um dos mais antigos do governo argentino, tendo existido continuamente desde a formação do primeiro executivo argentino, em 1854. Hoje está localizado no Edifício Libertador, prédio que teve construção iniciada em 1938 destinada exclusivamente aos militares.

Originalmente ocupado apenas pelo Quartel-General do Exército, desde o final dos anos 80 o edifício também abriga o Ministério da Defesa e o Estado-Maior Conjunto, que até então estava localizado em um prédio menor do outro lado da rua.

Trem de superfície que passa entre Puerto Madero e o Ministerio da Defensa.
Ministerio da Defensa, Buenos Aires.
Originalmente o prédio era ocupado apenas pelo Quartel-General do Exército.

Café Tortoni

Seguimos caminhada já no sentido retornando ao hotel. Antes programamos uma parada estratégica para conhecer o Café Tortoni, o mais antigo da cidade, fundado em 1858.

Seguimos até a Plaza de Mayo e então ingressamos na Av. de Mayo. Dois quarteirões e já estávamos na porta. O Cagé Tortoni representa uma parte importante da história de Buenos Aires.

Seu primeiro proprietário foi um imigrante francês de sobrenome Touan, o qual o batizou em homenagem a outro célebre Café Tortoni de Paris. A imponente fachada que dá para a Avenida de Mayo foi obra do arquiteto Alejandro Christophersen, realizada em 1898. Atualmente no subsolo do Tortoni acontecem espetáculos de jazz e de tango. Ao lado do café se encontram a Academia Nacional do Tango e o Museu Mundial do Tango.

Fachada do Café Tortoni, obra realizada em 1898 pelo arquiteto Alejandro Christophersen.
Café Tortoni, fundado em 1858, em Buenos Aires.
Uma última foto antes de entrar, com a Débora me aguardando.
Pedimos café e churros no Café Tortoni em Buenos Aires.

Frequentadores famosos

Próximo de nós as figuras ilustres de Jorge Luis Borges, Carlos Gardel e Alfonsina Storni, eternizadas junto à uma mesa. Por muitos anos o Café Tortoni foi frequentado pelos intelectuais da época, entre pintores, escritores, jornalistas, dramaturgos e músicos. Por ali passaram grandes nomes e ídolos argentinos, e até figuras internacionais como Albert Einstein.

O café com suas mesas de mármore e paredes cheias de quadros e detalhes, conserva a decoração de seus primeiros anos. Eram muitas as opções no cardápio, com certeza várias tradicionais. Não estávamos com fome. O objetivo era conhecer. Pedimos café e eu quis experimentar os churros.

Jorge Luis Borges, Carlos Gardel e Alfonsina Storni, eternizadas junto à uma mesa.

Mais tarde Papa Frita

Voltamos para o hotel. Descansamos um pouco da longa caminhada e então saímos novamente para procurar um lugar para jantar. Voltamos para as proximidades do Obelisco. São muitos bares e restaurantes por todas as ruas e avenidas do entorno. Acabamos escolhendo o El Palacio de La Papa Frita.

Depois da janta, retornando para o hotel, presenciamos uma grande movimentação na Av. 9 de Julio. Era a noite do show do Placido Domingo. A avenida estava parcialmente interditada e o Obelisco estava recebendo efeitos de luzes. Estava muito bonito.

Jantamos no El Palacio de La Papa Frita.
Parece que mudou de endereço, indo para a Corrientes. Era numa rua para pedestres.
Obelisco iluminado com efeitos de luz.

Fim do segundo dia em Buenos Aires

E assim encerramos nosso segundo dia em Buenos Aires. Aproveitamos bastante. Mais uma vez caminhamos muito.

No terceiro dia fomos conhecer a Recoleta onde está o cemitério com o túmulo da Evita, relatos para um próximo artigo.

Vamos viver na estrada!

E voltando aos dias de hoje, se você não conhece ainda nosso projeto, aproveitamos para fazer o convite. Muito em breve estaremos na estrada. Vamos morar em um camper, uma casinha com um pouco mais de 8m² sobre uma camionete.

Se você tem interesse nesse estilo de vida, conheça como chegamos a essa decisão no vídeo de apresentação disponível em nosso canal no YouTube. Ficaremos muito felizes em tê-lo conosco nessa aventura!

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