Em março de 2011 voltamos à Buenos Aires, capital da Argentina, dessa vez não como passagem, mas para três dias, um pouco mais de tempo para conhecermos melhor uma das cidades mais incríveis das Américas.
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Série de artigos sobre a visita à Buenos Aires
Em setembro de 2006 fizemos a Cruce de Lagos entre Chile e Argentina, quando no final da programação passamos rapidamente por Buenos Aires, o que contamos em artigo aqui no site, assim como contamos sobre todos os dias em que estivemos entre Chile e Argentina para realizar a travessia dos Lagos Andinos, começando por Santiago no Chile.
Em março de 2011 contratamos com uma agência alguns dias em Buenos Aires. Era chegada a hora de finalmente conhecermos melhor uma das cidades mais incríveis das Américas e com certeza do mundo. Foram três dias, sendo que no primeiro fizemos um city tour para conhecermos os principais pontos turísticos da capital dos “hermanos”.
Chegada à Buenos Aires
Morávamos em Porto Alegre na ocasião. Era dia 24 de março de 2011. Nosso voo era na parte da tarde partindo do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Lembro que o voo atrasou. O que era para ser tranquilo, com poucas horas entre deslocamentos e voo, durou bem mais tempo. De Porto Alegre para Buenos Aires é como ir de Porto Alegre para São Paulo, um voo que costuma durar aproximadamente 1h45min.
Acabamos chegando tarde em Buenos Aires. Já era madrugada quando chegamos ao Hotel Bristol, que fica muito bem localizado, na Av. 9 de Julio, a poucos metros do Obelisco, que é um dos pontos mais famosos da cidade, mas perto de outros tantos pontos importantes, fáceis de serem visitados a pé da posição do hotel.
Primeiro registro da cidade na manhã seguinte
Fomos dormir perto das 2h da manhã do dia 25 de maço de 2011. Foram poucas horas de sono, pois tínhamos city tour programado para a manhã do mesmo dia. O bom é que não era muito cedo. Fizemos registro da janela do hotel por volta das 9h da manhã.
Apesar de não aparecer na foto, o Obelisco estava logo ali. A foto foi da janela voltada para a Calle ou Av. Sarmiento, com vista para a Av. 9 de Julio, com o cruzamento entre as Avenidas Corrientes e Pres. Roque Sáenz Peña, enxergando um pouquinho da Plaza de la Republica, onde fica o Obelisco.
Iniciando o city tour por Buenos Aires
Era por volta das 10h30min quando partimos para o city tour. Como todo city tour contratado em pacotes, o transporte passa nos hotéis para buscar os passageiros. Depois de nos pegarem demos algumas voltas pela região passando por outros hotéis.
Com todos à bordo, partimos direto para a região da Recoleta, parte nobre da cidade, região com muitos pontos turísticos e com os imóveis mais valorizados de Buenos Aires. É na Recoleta onde fica o Cemitério famoso, onde estão enterrados várias personalidades, com destaque para a Evita Perón, que visitamos em um outro dia.
Como todo city tour, a dinâmica é bem intensa. Se anda muito e se faz poucas paradas. Junto na van uma guia ia nos localizando e apontando os principais atrativos com suas principais informações.
Plaza Naciones Unidas
Nossa primeira parada foi na Plaza Naciones Unidas, que é bastante extensa, com muita área verde e vários pontos importantes no seu entorno.
Talvez o ponto principal seja a escultura de metal Floralis Genérica que fica bem no meio da praça, doada à cidade pelo arquiteto argentino Eduardo Catalano (1917-2010). Foi inaugurada em 13 de abril de 2002 com materiais fornecidos pela empresa de aeronaves Lockheed Martin Aircraft Argentina.
Antes de pararmos perto da escultura, já tínhamos passado por outros pontos importantes, como o Monumento ecuestre a Carlos María de Alvear e o prédio da Facultad de Derecho.
Monumento de los españoles
Voltamos para a van para continuarmos com o passeio. Seguimos pela Av. Del Libertador em direção a outra grande área verde. No caminho passamos pelo Malba, Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires. Um breve registro na passagem.
Chegamos então em uma rotatório com a Av. Sarmiento, já no bairro Palermo, onde fica o Monumento a La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas, ou Monumento de los españoles como talvez seja mais conhecido. É um grande monumento, com uma grande piscina com chafarizes.
O monumento foi uma doação da comunidade espanhola em comemoração ao centenário da Revolución de Mayo de 1810 (que marcou o início formal da independência da Argentina da Espanha). Foi construído inteiramente em bronze e mármore Carrara. A escultura foi finalizada em 1927.
Na sequência, perto da rotatório, na Plaza Sicilia, vimos o Monumento a Caperucita Roja (Monumento à Chapeuzinho Vermelho), uma estátua de mármore encomendada pelo governo da cidade em 1937 ao escultor Jean Carlus.
Evita Perón
Começamos a retornar pela Av. Del Libertador novamente em direção a Plaza Naciones Unidas. Outra parada, agora do outro lado da praça. Descemos e caminhamos pela Plaza Evita Perón, até onde está o Monumento a María Eva Duarte de Perón, a própria.
O monumento foi inaugurado em dezembro de 1999. A escultura em bronze foi esculpida pelo artista argentino Ricardo Giannetti. É formado por um pedestal de granito e a escultura. Na base da estrutura se pode ler “A María Eva Duarte de Perón”. O piso foi desenhado em forma de Cruz Latina e em seus limites se lê: “Soube dignificar a mulher, dar proteção à infância e amparar aos idosos, renunciando às honras“.
Do monumento à Evita se pode ver a Biblioteca Nacional da Argentina, a maior biblioteca do país, reunindo em suas coleções, uma das fontes bibliográficas mais importantes das Américas. Foi criada em setembro de 1810, mas o edifício no local atual tem data de abril de 1992.
Museo Nacional de Bellas Artes
Seguindo o nosso caminho pela Av. Del Libertador, passamos também pelo MNBA – Museo Nacional de Bellas Artes, inaugurado em 16 de julho de 1895 mas aberto ao público a partir de 25 de dezembro de 1896, ainda nas galerias do Bon Marchei, onde atualmente funcionam as Galerías Pacífico. Em 1909 o museu já havia multiplicado seu acervo por vinte. O edifício atual, a Casa de Bombas, começou a receber o acervo do MNBA em 1932.
Da Av. Del Libertador, ingressamos na Av. Alvear sentido cemitério da Recoleta, onde foi possível observar a estrutura das bancas da Feria Artesanal Intendente Alvear, conhecida como Feria Plaza Francia.
Corrientes 348, Buenos Aires
Seguimos sentido Plaza de Mayo. Ingressamos na famosa Av. Corrientes, repleta de casas de shows e teatros que costumam abrir temporadas com espetáculos de ópera em grande estilo no nível da Broadway americana.
No caminho um registro do famoso endereço Corrientes 348, onde existia um sobrado, que era uma casa noturna, onde Carlos Gardel (o cantor de tango mais famoso da história), cantava quase todas as noites. Ele eternizou o endereço cantando a canção “A media luz“, de 1924, que tem nos primeiros versos: “Corrientes tres cuatro ocho/segundo piso ascensor/no hay porteros ni vecinos/adentro cocktail y amor” (…). Anos depois, o sobrado deu lugar a um edifício chamado Lipsia, registrado na foto.
Plaza de Mayo em Buenos Aires
Continuamos rumo a Plaza de Mayo, a principal praça do centro da cidade de Buenos Aires, que sempre foi o centro da vida política da cidade, desde a época colonial até os dias de hoje. Seu nome comemora a Revolução de Maio de 1810, que iniciou o processo de independência das colônias da região do sul da América do Sul. É o principal local das frequentes manifestações que acontecem no país. Não foi por acaso de flagramos uma na ocasião da nossa visita.
Na Plaza de Mayo também encontramos o Monumento al General San Martín, uma estátua equestre de Manuel Belgrano, inaugurada em 1873, atualmente localizada em frente à Casa Rosada. Bem no centro da praça desde 1912 está um obelisco, conhecido como Pirâmide de Maio. Este monumento foi reformado em 1856 pelo artista argentino Prilidiano Pueyrredón, que revestiu a pirâmide e a base com argamassa e adicionou relevos decorativos. O escultor francês Joseph Dubourdieu foi o autor da estátua da liberdade que coroa a pirâmide.
Prédios históricos no entorno da Plaza de Mayo
No entorno da Plaza de Mayo estão vários prédios históricos. Entre eles talvez o mais importante e mais visitado, a Casa Rosada, sede da presidência da República Argentina, assim chamada pela cor da fachada rosada. Abriga também o Museu da Casa do Governo, com material relacionado aos presidentes do país. Em 1942 foi declarada Patrimônio Histórico Nacional.
Na outra extremidade da praça está a Catedral Metropolitana de Buenos Aires, a principal igreja católica de Buenos Aires, que já foi reconstruída diversas vezes desde suas origens humildes no século XVI. O prédio atual é uma mistura de estilos arquitetônicos, com uma nave e uma cúpula do século XVIII e uma severa fachada neoclássica do século XIX, sem torres. O interior mantém estátuas preciosas do século XVIII, bem como uma rica decoração neo-renascentista e neobarroca. No seu interior se localiza o túmulo de José de San Martín.
Olhando de frente para a Casa Rosada, vemos do lado esquerdo o Banco de la Nación Argentina, fundado em 18 de outubro de 1891, e do lado direito o Ministerio de Economía de la Nación.
Seguindo com o city tour por Buenos Aires no sentido sul
Da Plaza de Mayo seguimos nosso caminho com o tour, agora sentido sul, com destino o estádio do Boca Juniors e o famoso Caminito no bairro La Boca.
Seguimos pela Av. Paseo Colón. No caminho avistamos os prédios do Ministerio de Agricultura Ganadería y Pesca, uma das pastas mais antigas do governo argentino, tendo existido desde 1898, quando foi criado pelo presidente Julio Argentino Roca. O atual nome completo do ministério foi adotado em 2019.
Mais adiante a guia nos chama a atenção para as cúpulas da Igreja Ortodoxa Russa, já no bairro San Telmo, próximo ao Parque Lezama, com estrutura projetada em São Petersburgo pelo arquiteto do Santo Sínodo da Rússia, Mihail Preobrazensky, iniciada em 1898, e finalmente construída e adaptada em 1901.
Os recursos para sua construção foram doados em maior proporção pelo czar Alexandre III. Sua inauguração contou com a presença do então presidente Julio Argentino Roca. É em estilo moscovita do século XVII, com cinco cúpulas de gelo azul, e estrelas douradas, coroadas por cruzes ortodoxas presas com correntes que apontam para o leste.
Maqueta Barrio La Boca
Continuamos pela Av. Paseo Colón, sentido Av. Martín García, passando ao lado do Parque Lezama, quando então avistamos a Maqueta Barrio La Boca, um mural cenográfico sobre a estrutura da fachada de um convento original, que tinha apenas sua frente.
Foi transformado e recuperado pela iniciativa do grupo de artistas e escultores do Armazém Catalão, em uma representação da vida e dos personagens do bairro de La Boca, como o imigrante italiano, o “compadrito”, o “laburante”, o bombeiro e a prostituta (entre muitos outros), convivendo com os grandes símbolos argentinos através de seus representantes mais fiéis: futebol com Maradona, tango com Gardel e Troilo; e pintura com Benito Quinquela Martín.
La bombonera, estádio do Boca Juniors
Chegamos então a La bombonera, chamado assim devido a sua forma retangular como a de uma caixa de bombons, isso porque foi construído a partir de 1923 em um espaço reduzido. Suas arquibancadas tem como característica a verticalidade.
Sua capacidade atual é para 54.000 pessoas. O campo segue as medidas mínimas permitidas pela FIFA (105m x 68m). O nome oficial homenageia o ex-presidente Alberto José Armando.
Fizemos uma pequena parada ao lado do estádio. Não estava programado visita ao interior. Fizemos fotos da área externa e de algumas lojas localizadas no entorno.
La Boca, el “Caminito”
Do estádio do Boca seguimos para o último ponto turístico do tour e a última parada. Chegamos ao Caminito, com certeza um dos lugares mais visitados de Buenos Aires.
Caminito é uma rua tradicional localizada no bairro de La Boca. O lugar adquiriu significado cultural devido a ter inspirado a música do famoso tango Caminito (1926), composta por Juan de Dios Filiberto.
Ao contrário, a letra do conhecido tango, escrita por Gabino Coria Peñaloza, está inspirada num caminho da localidade de Olta, na província de La Rioja.
O caminho se estende de leste a oeste, formando uma curva de aproximadamente 150 metros. Sua forma segue o curso de uma antiga via de bonde, posteriormente abandonada. Em 1950, um grupo de vizinhos, entre os quais se encontrava o conhecido pintor boquense Benito Quinquela Martín, decidiram recuperar o lugar. Em 1959, na iniciativa de Quinquela Martín, o governo municipal construiu ali uma rua museu, com o nome que lhe havia posto o tango, “Caminito”.
É um lugar muito interessante. Foi a parada em que tivemos mais tempo para caminhar e explorar. Caminhamos por toda a região, registrando muitas fotos. As cores tornam o lugar muito bonito e diferente, parecendo realmente um grande museu a céu aberto.
Fim do tour por Buenos Aires
E com o Caminito encerramos nosso city tour por Buenos Aires. Apesar da dinâmica agitada de um tour desses, sempre vale a pena por dar uma ideia geral do local em que se está visitando.
Passamos por outros lugares que acabaram não sendo registrados, até pela dificuldade de fazer registros em movimento sem uma câmera adequada.
No dia seguinte saímos para passear por nossa conta na região próxima ao hotel, quando percorremos a Av. 9 de Julio, Obelisco, Av. Corrientes, chegando nas Galerias Pacífico, Puerto Madero, Rua Florida, novamente a Casa Rosada, entre outros pontos que farão parte de um próximo artigo.
Arquivo Dé-Gus-tando a viagem (Arquivo D-G-v)
E nossos dias em Buenos Aires, em março de 2011, renderam um vídeo para a série Arquivo D-G-v em nosso Canal no YouTube. São vários registros em vídeo que complementam o conteúdo deste artigo e dos próximos que estarão aqui no site em breve.
Você pode assistir o vídeo logo abaixo.
E tudo terminou em tango
Apesar do dia movimentado, não terminou por aí! A programação para à noite era assistir um show de tango, programa obrigatório para quem visita pela primeira vez Buenos Aires. Mais um assunto que será abordado em um próximo artigo e também em vídeo para a série Arquivo D-G-v.