Museu Oceanográfico de Rio Grande

Nosso objetivo final era fazer compras em Rio Branco, fronteira do Brasil com Uruguai, mas dessa vez passaríamos uma noite em Rio Grande antes, para poder conhecer um pouco da cidade e o Museu Oceanográfico Prof. Eliézer de Carvalho Rios.

Seja bem-vindo ao site do projeto da Débora (Dé) e do Gustavo (Gus), o Dé-Gus-tando a viagem. Aqui você vai ficar sabendo de tudo sobre o nosso projeto de viver na estrada, e também terá acesso às viagens que fizemos, compartilhando histórias, curiosidades, informações e experiências vividas durante os 28 anos que estamos juntos.

Partindo de Porto Alegre com destino à Rio Grande

Era dia 21 de agosto de 2008, uma quinta-feira. Programamos dois dias de folga para fazermos um passeio diferente. Saímos para nossa ida regular até a fronteira, mas dessa vez não seria um bate e volta, passaríamos uma noite em Rio Grande antes.

De Porto Alegre até Rio Grande são aproximadamente 319 km seguindo pela BR-116 até Pelotas e depois pela BR-471, mais ou menos 4 horas e 10 minutos de viagem.

Rota entre Porto Alegre e Rio Grande pela BR-116.

Ponte Alberto Pasqualini e Ponte Léo Guedes

Na minha cabeça imaginava que da rotatória de acesso a BR-471 até Rio Grande fosse um trecho curto, mas não, após trocar de rodovia ainda são quase 1 hora de viagem. E mais! É caminho para o Super Porto do Rio Grande! Tráfico intenso de caminhões nos dois sentidos, e também o trem, que nos fez ficar parado por algum tempo.

Poucos quilômetros depois que se ingressa na BR-471 cruzamos o Canal de São Gonçalo. Inaugurada em 1963, a ponte utilizada para a travessia era a Ponte Alberto Pasqualini, ou Ponte Velha como também é conhecida, mas devido ao aumento do peso dos caminhões, em 1974 a mesma teve que ser interditada por não estar suportando mais tamanho esforço.

Uma nova ponte de 1.020 metros de comprimento e 21,35 metros de altura foi construída e inaugurada em 1976, a Ponte Léo Guedes. É ela que assumiu o papel de interligar o Super Porto do Rio Grande com o resto do Estado do Rio Grande do Sul. Eram mais ou menos 12h e 20min quando cruzamos essa ponte.

BR-471 um pouco antes de cruzar a Ponte Léo Guedes.
Sobre a Ponte Léo Guedes e o Canal de São Gonçalo.

Ferrovia e Ponte Ferroviária

Junto as duas pontes tem uma Ponte Ferroviária, que originalmente, quando da sua inauguração em 1884, possuía vão giratório, que depois, em 1982, foi substituído por um vão elevatório para a passagem das embarcações.

Alguns quilômetros depois de cruzar a Ponte Léo Guedes tivemos que parar para aguardar a passagem de um trem de carga, pois a ferrovia cruza a estrada algumas vezes.

Ponte Ferroviária vista da Ponte Léo Guedes.
Parados na BR-471 aguardando o trem de carga passar.
A ferrovia cruza algumas vezes a BR-471 até o Porto do Rio Grande.

Chegamos na Estátua de Iemanjá junto à Praia do Cassino

Já passavam das 13 horas quando chegamos a um dos acessos à Praia do Cassino, no ponto onde tem a Estátua de Iemanjá (visão 360° do local), obra do escultor local Érico Gobbi, toda em cimento, concluída em 1971 e inaugurada no local em 1976, ponto frequente de concentração de fiéis depois de procissões pelas ruas do Cassino.

Falando em Praia do Cassino, é a maior extensão de faixa de areia ininterrupta do Brasil, com 254 km de extensão em balneabilidade. Já constou inclusive no livro dos recordes, o Guiness Book. Fomos até a beira da praia com o carro e circulamos um pouco por lá. Estava ventando bastante como é de costume no litoral do Rio Grande do Sul.

Estátua de Iemanjá junto à Praia do Cassino.
Obra do escultor Érico Gobbi, em cimento, inaugurada no local em 1976.
Passarela sobre as dunas na Praia do Cassino.
Acessamos à Praia do Cassino de carro.
Muito vento, comum no litoral do RS.
Andamos de carro pelas areias da Praia do Cassino, a mais extensa do mundo.

Fomos pela beira da praia até os Molhes da Barra

Seguimos de carro pela beira da Praia do Cassino, sentido norte da Estátua de Iemanjá, até os Molhes da Barra, considerados uma das maiores obras de Engenharia Oceânica do mundo. Depois de décadas de estudos, foram construídos entre 1909 e 1915 para aumentar a segurança das embarcações que acessam o porto, pois o local era conhecido pelo perigo e risco de naufrágio. São formados por dois quebra-mares que avançam 4 km no oceano.

Além da importância para a navegação, a obra é hoje um dos principais atrativos turísticos do sul do Estado. Nos molhes é possível realizar o passeio nas vagonetas, que são carrinhos movidos à vela sobre trilhos, controlados pelos “vagoneteiros” (como são conhecidos os responsáveis por dirigir os carrinhos). Os molhes também são utilizados por pescadores, e como abrigo por lobos e leões marinhos.

Seguimos pela faixa de areia da Praia do Cassino contemplando o mar.
Muitas aves na beira da Praia do Cassino.
Seguimos na direção norte até os Molhes da Barra do Porto do Rio Grande.
São dois quebra-mares que avançam 4 km no oceano.
Nos molhes é possível passear de vagoneta, carrinho à vela sobre trilhos.
Retornando dos Molhes da Barra com a faixa de areia a perder de vista.

Super Porto do Rio Grande

Da praia seguimos em direção ao centro de Rio Grande. Tínhamos que fazer o check-in no hotel antes de fazermos a visita ao Museu Oceanográfico. Nessas alturas já eram 15 horas.

Para chegar ao centro do ponto onde estávamos é preciso passar pelo Porto do Rio Grande. Realmente ao passar por ele se entende porque é chamado de Super Porto do Rio Grande. Não termina nunca! Muitos, mas muitos caminhões circulando e formando filas, dutos sobre a pista, linhas de trem, uma coisa impressionante.

O Porto novo do Rio Grande em atividade desde 1915, movimentou 38,2 milhões de toneladas em carga no ano de 2019, e com esse porte de operações é o terceiro principal porto do Brasil. Em 2020, mesmo com a pandemia, bateu seu recorde de movimentação de cargas.

Antes do centro de Rio Grande, o Porto do Rio Grande.
Muita movimentação no entorno do porto.
Ao passar por ele se entende porque é chamado de Super Porto do Rio Grande.
Em atividade desde 1915, movimentou 38,2 milhões de toneladas em carga no ano de 2019.

Rio Grande no Rio Grande do Sul

Nosso tempo era curto, pois nossa programação era passar apenas uma noite, depois seguirmos para a fronteira Jaguarão – Rio Branco para fazer nossas compras. O combinado era fazer a visita ao Museu Oceanográfico durante à tarde. Outros pontos turísticos da cidade ficariam para uma outra oportunidade.

Rio Grande, cidade mais antiga do Rio Grande do Sul, foi fundada em 1737. Conforme estimativas do IBGE, em 2021 a população era de 212.881 habitantes. De clima frio no inverno, normalmente chegando a 0°, costuma registrar chuvas durante o ano todo. Na economia, como não poderia ser diferente, o destaque é o setor naval. É no Porto do Rio Grande que várias plataformas da Petrobrás são construídas.

Quanto ao turismo, são vários os pontos de interesse. Na zona central, são vários os prédios históricos antigos, como a Catedral de São Pedro, que é o templo religioso mais antigo do Estado, patrimônio histórico. Também a Biblioteca Rio-Grandense de 1846 e o Sobrado dos Azulejos de 1862.

Afastado do centro são vários os atrativos ao ar livre, como a Praia do Cassino e os Molhes da Barra que visitamos, e também a Reserva Ecológica do Taim, que cruzamos quando fizemos a viagem de carro ao Uruguai.

Check-in no hotel antes do Museu Oceanográfico

Seguimos para o centro em busca do hotel. Custamos um pouco para encontrar. Reservamos um hotel que tinha convênio com a empresa onde eu trabalhava: Hotel Atlântico, que fica na Rua Duque de Caxias, 55, bem no centro.

O prédio do hotel foi construído na década de 1960 ainda com o nome de Hotel Charrua. Desde 2000 passou a se chamar Hotel Atlântico Rio Grande. É bem localizado, bem no centro. Fomos bem atendidos, sem nada de especial para relatar. Como é possível verificar abaixo, era um bom quarto e ficamos bem acomodados. Pela janela tínhamos uma boa vista para a Lagoa dos Patos.

No quarto do Hotel Atlântico, centro de Rio Grande.
O prédio do hotel foi construído na década de 1960.
Era um bom quarto e ficamos bem acomodados.
Pela janela tínhamos uma boa vista para a Lagoa dos Patos.

Finalmente a hora de visitar o Museu Oceanográfico

Já passavam das 16 horas e 30 minutos quando chegamos para a visita ao Museu Oceanográfico da Universidade Federal do Rio Grande, que depois descobrimos que na verdade se trata de um Complexo de Museus e Centros Associados da FURG, formado pelo Museu Oceanográfico “Prof. Eliézer de Carvalho Rios”, Museu Antártico, Eco-Museu da Ilha da Pólvora, Museu Náutico, Centro de Recuperação de Animais Marinhos – CRAM e Centro de Convívio dos Meninos do Mar – CCMar, que trabalham em conjunto para a defesa do patrimônio marítimo costeiro nacional.

Museu Oceanográfico Prof. Eliézer de Carvalho Rios

Começamos nossa visita pelo Museu Oceanográfico, que foi fundado em 8 de setembro de 1953 e deu origem ao Complexo de Museus. O museu mantém uma exposição pública permanente sobre a vida e a dinâmica dos oceanos, apresentada em painéis, maquetes, aquários e diversos equipamentos utilizados em pesquisas oceanográficas.

Nos painéis das salas do Museu são apresentadas várias conchas, que enriquecem a sua coleção de moluscos (com mais de 51.000 lotes). Esta coleção, que é considerada a mais importante da América do Sul, foi organizada pelo Diretor Fundador do Museu Oceanográfico, o Professor Eliézer de Carvalho Rios.

Sempre tive muita vontade de conhecer o Museu Oceanográfico. Passear pelo espaço do Museu foi mergulhar no oceano. A quantidade e riqueza das informações por si só são uma aula sobre os mares. Realmente nos impressionou bastante a riqueza do material e a organização. É possível passar horas lendo e aprendendo. Com certeza cumpre o seu papel para a conscientização dos visitantes, principalmente dos mais jovens, sobre a importância da preservação da vida marinha.

Prédio do Museu Oceanográfico em Rio Grande.
Museu Oceanográfico Prof. Eliézer de Carvalho Rios
Fundado em 8 de setembro de 1953 deu origem ao Complexo de Museus.
Exposição pública permanente sobre a vida e a dinâmica dos oceanos.
Equipamentos utilizados em pesquisas oceanográficas
Painéis, maquetes e aquários.
São apresentadas várias conchas, que enriquecem a coleção de moluscos (mais de 51.000 lotes).

Centro de Recuperação de Animais Marinhos – CRAM

Do museu seguimos para o CRAM, o Centro de Recuperação de Animais Marinhos, que teve origem com o oceanólogo Lauro Barcellos em 1974, quando iniciou um trabalho institucional de reabilitação dos animais marinhos enfermos e debilitados que encontrava e resgatava ao longo das praias arenosas do Rio Grande do Sul.

O CRAM fica anexo ao prédio do museu, junto a Lagoa dos Patos. Fora a estrutura de salas, possui dois tanques  grandes que recebem focas, lobos e leões marinhos, pinguins, albatrozes, gaivotas, tartarugas, entre outros, que são resgatados na costa enfermos ou debilitados, necessitando de ajuda para sobreviverem. Também atendem às vezes animais dos banhados, como flamingos, lontras, capivaras, ratões e várias outras espécies de aves,

Infelizmente esta grande variedade de animais, na maior parte das vezes são vítimas da ação covarde e irresponsável do homem. Muitos são encontrados baleados, contaminados por óleo e outros produtos químicos, com ingestão de plástico sob diferentes formas, mutilados e emaranhados em redes de pesca, mutilados por hélices de barcos, alguns inclusive presos em embalagens de madeira ou plástico.

Desde o ano de 2000 o CRAM recebe apoio da PETROBRAS, uma parceria importante, que viabiliza uma ação nacional e internacional do centro, que mantém equipes de prontidão para entrar em ação em qualquer momento, principalmente no caso de acidentes envolvendo derramamento de óleo com as Unidades Móveis de Despetrolização de Fauna.

Visitação aos tanques do CRAM

Os dois tanques do CRAM recebem principalmente pinguins da espécie de Magalhães, comuns na nossa costa, que ficam em recuperação até que tenham condições de retornarem à natureza. Na oportunidade da nossa visita um dos tanques estava repleto de pinguins.

Tanques do CRAM anexo ao Museu Oceanográfico.
Um dos tanques do CRAM anexo ao Museu Oceanográfico.

Tanque com os pinguins de Magalhães

Um dos tanques estava repleto de pinguins.
Pinguins-de-magalhães no tanque do CRAM.
Pinguim-de-magalhães no tanque do CRAM.

Tanque com o leão-marinho Ipirelo

No outro tanque estava o Ipirelo, um leão-marinho que foi resgatado na Lagoa dos Patos em 1993. Apesar das tentativas, não teve condições de retornar a vida selvagem, passando a morar no centro. Isso significa que quando o visitamos já estava há 14 anos no CRAM.

Descobri preparando essa publicação que o Ipirelo faleceu no dia 5 de março de 2020 depois de 27 anos de cuidados do CRAM. Dia 6 de março de 2020 o museu não abriu por luto e homenagem a ele, que se tornou um símbolo de Rio Grande.

No outro tanque estava o leão-marinho Ipirelo.
Esperando o Ipirelo aparecer.
O Ipirelo foi resgatado na Lagoa dos Patos em 1993.
Apesar das tentativas, não teve condições de retornar a vida selvagem e ficou morando no CRAM.
Após 27 anos de cuidados, morreu em 5 de março de 2020.

Marina do CRAM e o Eco-Museu da Ilha da Pólvora

Juntos aos tanques o CRAM o complexo possui uma marina, de onde partem ações diversas e também a visitação ao Eco-Museu da Ilha da Pólvora, que foi inaugurado em 22 de abril de 1999, e mantém exposição sobre a história natural do estuário do Rio Grande.

Ali não é mar, é o estuário da Laguna dos Patos. A Ilha da Pólvora, que fica bem perto, possui 42 hectares de marismas, que são áreas periodicamente alagadas pela maré que servem de habitat para várias espécies de animais, como aves, roedores, moluscos, crustáceos e peixes, e são utilizadas com objetivos educacionais e científicos.

No Eco-Museu também são desenvolvidos trabalhos científicos de graduação e pós-graduação, dentre os quais se destacam estudos sobre a vegetação, crustáceos, aves e roedores.

Já estava terminando o dia e não foi possível fazer a visita à ilha e ao museu.

Marina do Complexo de Museus com o Eco-Museu da Ilha da Pólvora ao fundo.

Museu Antártico anexo ao Museu Oceanográfico

Na saída visitamos o Museu Antártico, que foi inaugurado em 7 de janeiro de 1997, e mostra um pouco de como é a vida no continente gelado e a presença do Brasil por lá. Também fica anexo ao Museu Oceanográfico e é uma reprodução das primeiras instalações da Estação Antártica “Comandante Ferraz” baseada em containers.

Seu acervo conta com diversos painéis com fotos que detalham a história da conquista da Antártica, a dinâmica dos mares e a vida no Polo Sul, bem como o esforço brasileiro em manter uma base num ambiente tão inóspito. Também estão expostos alguns objetos utilizados pelos brasileiros, amostras geológicas e biológicas da Antártica, e na parte externa alguns veículos utilizados por lá.

Museu Antártico anexo ao Museu Oceanográfico.
Inaugurado em janeiro de 1997, mostra um pouco de como é a vida no continente gelado.
É uma reprodução das primeiras instalações da Estação Antártica “Comandante Ferraz”.
Na parte externa alguns veículos utilizados por lá.
Fui experimentar a sensação. Faltou o frio congelante.
Na saída do Museu Oceanográfico.

Final do dia em Rio Grande

Terminamos nossa visita ao museu e voltamos para o hotel. Lembro que depois saímos para jantar em algum restaurante do entorno. Não fizemos registros infelizmente, mas como é uma região bem central, lembro que estava bem movimentando com vários restaurantes.

No dia seguinte seguiríamos viagem até a fronteira entre Jaguarão no Brasil e Rio Branco no Uruguai para fazermos compras nos free shops. Já falei um pouco sobre Rio Branco na série sobre a viagem de carro ao Uruguai.


Essa foi a nossa tarde em Rio Grande, a cidade mais antiga do Rio Grande do Sul. Foi muito pouco tempo para conhecer mais dessa cidade que é tão histórica e interessante. Com certeza voltaremos um dia com mais calma.

Esperamos que tenha gostado dos registros e informações.

Agradecemos por sua leitura até o final!

Continue nos acompanhando pois vem muita coisa legal por aí!

Até breve.

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