Cachoeira de Missão Velha, Geopark Araripe

Visitamos a Cachoeira de Missão Velha, na cidade de Missão Velha, sul do Ceará, mais um geossítio do Geopark Araripe, na Região do Cariri. Depois da cachoeira visitamos a Matriz de São José e o Santuário Mãe Rainha.

Geossítio Cachoeira de Missão Velha, Geopark Araripe

No dia 20/03/2022 visitamos o Geossítio Cachoeira de Missão Velha, na cidade de Missão Velha, no sul do Ceará. Mais um geossítio do Geopark Araripe, na Região do Cariri.

Depois da cachoeira voltamos para o centro da cidade e visitamos a Igreja Matriz de São José. O Sacristão Eldo se ofereceu para abrir a igreja para nós. Agradecemos muito ao Eldo pela gentileza. A Igreja é muito linda! Foi um presente que ele nos deu. Muito obrigado por nos permitir registrar seu interior!

Seguimos então para o Geossítio Floresta Petrificada de Missão Velha. Infelizmente, como já tínhamos notícia, estava fechado. Não sabemos se a visita é somente com guia, mas não foi possível visitar.

Voltamos para Missão Velha e seguimos para o Santuário Paroquial Mãe Rainha, considerado a segunda matriz da cidade. Fica a 1,8 km da Igreja de São José, quase saindo da cidade sentido Barbalha e Juazeiro do Norte. Muito bonito também! Tem um presépio permanente com imagens em tamanho real. Na visita topei com um ninho de Coruja-buraqueira.

Geossítio Cachoeira de Missão Velha, Geopark Araripe

Cidade de Missão Velha, Região do Cariri

Partimos de Barbalha sentido a cidade de Missão Velha. São aproximadamente 21 km de distância seguindo pela CE-293, que é uma rodovia duplicada em ótimas condições. Entramos na cidade, pois para se chegar até a cachoeira, é preciso passar pelo centro da cidade.

Missão Velha foi fundada em 28 de janeiro de 1748 e se emancipou em 11 de julho de 1864. Conforme senso do IBGE de 2010, possuía 34.258 habitantes. O padroeiro da cidade é São José, e fica distante da capital do Ceará, Fortaleza, 535 km.

Tem duas igrejas consideradas matriz: Igreja de São José e o Santuário Mãe Rainha, e mais de 70 capelas. Além da cachoeira possui muitos pontos onde há uma grande concentração de fósseis.

Um pouco da história

Em fins do século XVII o vale do Cariri era povoado por indígenas da nação homônima, oriundos do planalto da Borborema, serra do estado do Pernambuco, refugiados da guerra da repressão que os portugueses moviam contra a coligação de tribos indígenas nordestinas.

Em defesa e para a pacificação dos indígenas, ocorreram missionários de diversas ordens religiosas. Os jesuítas, agrupando-os, sob sua autoridade eclesiástica, em “aldeias” ou “missões”, criaram entre outras a de São José, no sítio Cachoeira, que seria a célula-mãe do Município de Missão Velha.

Em apoio aos Cariris, no ano de 1707 o baiano João Correia Arnaud (descendente do Caramuru), com mulher, nove filhos, parentes e escravos, e outros vaqueiros que trouxeram homens e armas, fundaram igrejas e estabeleceram as primeiras fazendas, dando início à colonização da região.

Segundo alguns historiadores, o nome do Município é devido ao fato de os jesuítas terem fundado outra missão, passando a ser conhecido como Missão Velha.

Cachoeira de Missão Velha

Passamos pelo centro e seguimos direto para o principal ponto turístico da região, a Cachoeira de Missão Velha. Localizada no Sítio Cachoeira, a mais ou menos 3 km do centro da cidade, este geossítio caracteriza-se por quedas d’água, com aproximadamente 12 metros de altura, formadas pelo Rio Salgado.

A Cachoeira de Missão Velha fica próxima a estrada CE-153, ou Rodovia Padre Cícero a partir do centro da cidade. Da Rodovia Padre Cícero se segue por uma estrada secundária que é asfaltada até a cachoeira. O acesso é muito fácil. É possível estacionar no local.

Se chega muito próximo a queda d’água, inclusive é preciso ter cuidado. Na oportunidade da nossa visita o barulho da água estava muito forte. Para nós o volume esta grande, mas para um local que conversou conosco ainda estava com nível bem baixo.

Caminhando poucos metros é possível se ter uma visão da cachoeira a partir da ponte que cruza sobre o Rio Salgado. É um passeio bem tranquilo que estando na Região do Cariri vale muito fazer.

Visão da ponte da Cachoeira de Missão Velha.
Mais um ângulo da Cachoeira de Missão Velha visto da ponte sobre o Rio Salgado.

Um pouco da história sobre a região da Cachoeira de Missão Velha

A história do Geossítio Cachoeira de Missão Velha é relacionada à escassez da água no Sertão. Pois lá era um dos poucos lugares onde se podia encontrar água durante todo o ano.

Se altera com a época do ano, mas sem perder a importância. Após a quadra chuvosa oficial do estado (Fevereiro, Março, Abril e Maio), a água abundante se ausenta da paisagem, deixando expostos a caatinga e todo o aspecto geológico do local.

É motivo de várias lendas e “estórias” de encantamentos e mortes. Existem vestígios de populações indígenas, neste lugar, que remontam a tempos pré-históricos. Provavelmente serviu de lugar de cerimônias destes povos nômades.

Em alguma distância da cachoeira, encontram-se restos de casas de pedra que remetem a uma primeira fase de colonização do Cariri, a partir do século XVII. Não chegamos a caminhar pela trilha próxima.

A Cachoeira, também é citada como ponto de encontro entre cangaceiros, os bandidos que marcaram a história do Sertão, no início do século XX.

Aspectos Geológicos do Geossítio da Cachoeira de Missão Velha

A rocha sedimentar deste geossítio é o arenito da formação Cariri, com aproximadamente 420 milhões de anos (Período Siluriano).

Os sedimentos arenosos que originaram este arenito foram depositados quando a região, que corresponde hoje ao sul do Ceará, foi invadida por águas de um mar raso, antecedendo a formação da Bacia Sedimentar do Araripe.

Neste geossítio estão preservados icnofósseis, ou seja, neste caso, invertebrados aquáticos (com aspecto vermiforme).

Totem do Geossítio Cachoeira de Missão Velha, Geopark Araripe.

Presença dos índios Kariris

Kariri era uma grande ramificação indígena que, nos tempos do Brasil pré-colonial, estava dispersa por quase todo o Nordeste.

No sul do Ceará, próximo à Chapada do Araripe, precisamente no Vale do Cariri, desde o início da ocupação do território pelo homem branco, costuma-se dar o nome genérico de Kariri a diversos grupos indígenas que habitavam ou que vagavam pela região.

Por este motivo, o lugar ficou conhecido como terra dos Cariris, hoje Vale do Cariri.

Sem dúvida, os Kariri foram os primeiros habitantes da região e lutavam frequentemente com tribos rivais pela posse das terras férteis e também das nascentes.

Igreja Matriz de São José

Da Cachoeira de Missão Velha retornamos ao centro. Estacionamos ao lado da prefeitura e caminhamos até a Igreja Matriz da cidade, que localizada na Praça Monsenhor Horácio, é um dos principais pontos turísticos da cidade e símbolo do turismo religioso.

Por provisão do bispo de Olinda, de 3 de maio de 1760, foi autorizada a construção da Matriz de São José, no sítio da antiga capela do aldeamento indígena, passando a denominar-se desde então, “São José da Missão Velha do Cariri”.

No dia anterior a nossa visita tinha ocorrido a festa mais importante do município, a Festa de São José, padroeiro da cidade. As ruas do entorno da prefeitura e da igreja estavam decoradas com bandeirinhas coloridas. Com certeza foi uma festa muito bonita.

Decoração da festa de São José realizada um dia antes.
Igreja Matriz de São José de Missão Velha.
Interior da Igreja de São José de Missão Velha.

Geossítio Floresta Petrificada do Cariri

Da Igreja Matriz seguimos para conhecer outro geossítio de Missão Velha, a Floresta Petrificada. O Geossítio Floresta Petrificada do Cariri está localizado no Sítio Olho D’água Comprido, a 6 km do centro da cidade, na localidade conhecida como Grota Funda.

O geossítio guarda um tesouro paleontológico de valor incalculável, que tem especial importância para o estudo da paleobotânica e da evolução geológica. Em tempos pré-históricos, era cenário de uma densa floresta, com árvores abundantes e água.

Constituído por uma área de erosão (ravina) que mostra camadas de rochas avermelhadas, o arenito da Formação Missão Velha, com cerca de 8m de espessura, onde ocorrem fragmentos de troncos petrificados com aproximadamente 145 milhões de anos.

Os fósseis de troncos petrificados evidenciam que, naquela época (Período Jurássico), existiam na região colinas cobertas por florestas recortadas por rios que transportavam os troncos caídos e que eram depois depositados em meio às areias e argilas, sendo fossilizados (petrificados) ao longo do tempo geológico.

Infelizmente não conseguimos visitar. Estava fechado. Já tínhamos notícias de que não estava aberto ao público, o que se confirmou. Vamos seguir acompanhando para quem sabe retornarmos para uma visita em breve.

Fomos até a entrada do Geossítio Floresta Petrificada.

Santuário Paroquial Mãe Rainha

Retornamos então sentido centro de Missão Velha novamente para visitar o que consideram a segunda matriz da cidade, o Santuário Paroquial Mãe Rainha, que fica em torno de 1,8 km da Igreja de São José, já no caminho de volta à cidade de Barbalha.

O Santuário pertence ao Movimento de Schoenstatt, também conhecido por Movimento da Mãe Rainha ou Mãe Peregrina, um movimento eclesiástico, mariano e popular da Igreja Católica Apostólica Romana, nascido em 18 de outubro de 1914, tendo como fundador o Pe. Kentenich na Alemanha, sendo que a Campanha da Mãe Peregrina teve início na década de 50 por dedicação do diácono João Luiz Pozzobon.

Junto a Igreja tem um presépio permanente com imagens em tamanho real. Muito bonito por sinal. Estava fechada e não foi possível fazer imagens internas, somente do pátio.

Na saída registrei imagens de um buraco onde estavam corujas buraqueiras.

Presépio em tamanho real no Santuário Paroquial Mãe Rainha.

Mais um vídeo para a Temporada 1 do nosso canal no YouTube

O passeio até a Cachoeira de Missão Velha e cidade de Missão Velha rendeu mais um vídeo para o nosso canal no YouTube, o décimo primeiro episódio da primeira temporada, onde estamos visitando a Região do Cariri e cidades próximas.

O vídeo pode ser assistido logo abaixo.

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